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O governo dos Estados Unidos, na administração Trump, adquiriu recentemente uma participação acionária estratégica em uma das maiores minas de lítio do mundo, situada em Thacker Pass, Nevada. Esta movimentação confere ao governo americano uma posição de destaque em um empreendimento crucial para a cadeia de suprimentos de veículos elétricos e energias renováveis no Ocidente.
Conforme anunciado pelo Departamento de Energia no dia 30 de setembro de 2025, a administração Trump passará a deter 5% do capital social da Lithium Americas, a empresa mineradora responsável pelo projeto. Adicionalmente, uma participação equivalente de 5% foi adquirida no consórcio de mineração formado pela Lithium Americas em parceria com a General Motors (GM), também localizado em Nevada.
Governo dos EUA Adquire Participação em Grande Mina de Lítio
A iniciativa destaca a busca por maior controle sobre as cadeias de suprimentos domésticas para materiais estratégicos, uma prioridade tanto para a atual administração Trump quanto para a anterior, sob a gestão Biden. A mina de Thacker Pass, quando em plena operação a partir de 2028, está projetada para se tornar a maior produtora de lítio no hemisfério ocidental, desempenhando um papel fundamental na transição energética global.
O lítio é um metal leve e altamente reativo, essencial na fabricação de baterias recarregáveis. Sua aplicação abrange desde veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia eólica e solar até dispositivos eletrônicos portáteis. A demanda crescente por este mineral impulsionou governos ao redor do mundo a securitizar seu fornecimento. Tanto a administração Biden quanto a Trump têm demonstrado um esforço contínuo para reduzir a dependência dos EUA em relação às importações estrangeiras de lítio, e esta recente aquisição representa um passo significativo nessa direção.
As projeções indicam que a mina de Thacker Pass terá capacidade de produzir aproximadamente 40.000 toneladas métricas de carbonato de lítio anualmente, assim que estiver plenamente operacional. Esse volume contrasta drasticamente com a produção atual dos Estados Unidos, que se encontra abaixo das 5.000 toneladas métricas anuais. Para contextualizar, a China, que é o terceiro maior produtor de lítio globalmente, atrás apenas da Austrália e do Chile, já produz cerca de 40.000 toneladas métricas anualmente, evidenciando o gargalo na produção americana.
A construção da mina, iniciada em 2023, não esteve isenta de controvérsias e desafios. O projeto enfrentou forte oposição de diversas partes interessadas. Povos indígenas locais, cujos direitos foram alegadamente violados segundo um relatório de fevereiro de 2025 da Human Rights Watch e da American Civil Liberties Union, expressaram profundo desacordo. Este relatório apontou que o processo de licenciamento federal da mina falhou em obter o consentimento livre, prévio e informado das tribos afetadas. Além disso, pecuaristas e grupos ambientalistas também se opuseram à mina, citando preocupações com seu potencial impacto nos recursos hídricos locais e em espécies ameaçadas de extinção na região.

Imagem: Getty Images via theverge.com
A atual participação do governo dos EUA surge após desenvolvimentos financeiros prévios. Em outubro de 2024, a Lithium Americas havia garantido um acordo de empréstimo de US$ 2,26 bilhões com a administração Biden. De acordo com o Departamento de Energia, o acordo de empréstimo foi reestruturado para incluir um aporte de mais de US$ 100 milhões em novas participações acionárias. Segundo declarações do Secretário de Energia, Chris Wright, à Bloomberg Television, a decisão de adquirir uma participação acionária foi motivada pela necessidade de garantir a viabilidade da mina em um cenário de queda global nos preços do lítio.
Este movimento da administração Trump não é um caso isolado, refletindo uma estratégia mais ampla de fortalecimento da soberania tecnológica e industrial dos EUA. Iniciativas semelhantes foram observadas em outros setores vitais. Em agosto, a Intel anunciou que o governo havia adquirido uma participação de 10% na empresa. Da mesma forma, em julho, a MP Materials, a única produtora de minerais de terras raras nos EUA, informou que o Departamento de Defesa dos EUA se tornaria seu maior acionista, com uma participação de 15% na companhia.
A participação governamental na mina de lítio de Thacker Pass solidifica a posição dos EUA na corrida pelos minerais críticos, fundamentais para a economia verde. A medida visa assegurar que o país tenha acesso e controle sobre recursos estratégicos, reduzindo a vulnerabilidade de sua cadeia de suprimentos e impulsionando a produção doméstica. Para acompanhar os desdobramentos dessa e outras importantes decisões políticas e econômicas, explore nossa editoria de Política e mantenha-se informado sobre os temas que impactam o Brasil e o mundo.
Crédito da Imagem: Getty Images
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