Governo dos EUA tenta quebrar monopólio do Google

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O Governo dos Estados Unidos está preparando uma nova investida legal para quebrar o monopólio do Google em segmentos chave da sua operação. A ação visa obrigar a gigante da tecnologia a ceder sua plataforma de intercâmbio de anúncios, conhecida como AdX, sob a alegação de que a empresa mantém uma posição ilegal de monopólio. A batalha jurídica recomeça a partir de 23 de setembro de 2025, em um tribunal federal localizado em Alexandria, Virgínia, marcando a segunda tentativa do governo americano em uma corte federal para reestruturar as operações do Google.

Este julgamento é estimado para durar cerca de duas semanas e tem como objetivo principal restabelecer a concorrência nos mercados de tecnologia de publicidade digital. Estes mercados, de acordo com o Departamento de Justiça, foram ilegalmente monopolizados pela companhia. A iniciativa ocorre poucas semanas após uma decisão histórica proferida pelo juiz Amit Mehta, do Tribunal Distrital de DC, que considerou o Google um monopólio no setor de buscas online. No entanto, as medidas prescritas por Mehta para remediar o problema de concorrência no mercado de buscas não atenderam às demandas mais agressivas do governo, como a venda do navegador Chrome ou a restrição de pagamentos por distribuição preferencial em navegadores e telefones.

Governo dos EUA tenta quebrar monopólio do Google

Ao contrário da decisão do juiz Mehta, a juíza Leonie Brinkema, do Tribunal Distrital do Leste da Virgínia, que também determinou que o Google detinha um monopólio em duas outras fatias dos mercados de tecnologia de anúncios, não está vinculada ao precedente estabelecido. Apesar de certamente acompanhar o veredicto de Mehta, há razões para o Departamento de Justiça acreditar em um desfecho diferente no caso específico da tecnologia de anúncios, especialmente quanto ao pedido de desmembramento do Google.

A Estratégia Legal e o Monopólio da AdX

A argumentação do Departamento de Justiça para que a juíza Brinkema ordene o desinvestimento do Google é notavelmente mais forte neste novo processo. Ao contrário do caso de buscas, o componente de negócio que o governo busca obrigar o Google a vender – a plataforma AdX – foi um elemento central em toda a discussão do julgamento. A AdX é responsável por intermediar as transações digitais de anúncios gráficos que são exibidos em diversos websites.

A juíza Brinkema constatou que o Google vinculava de maneira ilegal sua plataforma AdX ao servidor de anúncios para publishers, Doubleclick for Publishers (DFP). O DFP, por sua vez, é utilizado por sites para gerenciar e vender seu inventário de anúncios. Diante dessa evidência, torna-se mais plausível que a magistrada considere razoável uma completa separação da AdX do ecossistema Google. Além disso, o governo busca que o Google torne pública a lógica por trás do leilão do DFP (open source) e, caso essa medida não restaure adequadamente a competitividade, a juíza deverá reservar o direito de exigir a venda desse produto também.

Defesa do Google e Alternativas Propostas

Em sua defesa, o Google argumenta que os problemas identificados pela juíza Brinkema podem ser corrigidos com ajustes comportamentais mínimos em suas operações, desqualificando as propostas do Departamento de Justiça como uma tentativa de reverter aquisições que não foram, por si só, consideradas anticompetitivas. A empresa sugeriu medidas como permitir que servidores de anúncios de publishers terceirizados acessem lances em tempo real na AdX. Esta seria uma resposta à alegação do governo de que o Google oferecia esse acesso exclusivo ao DFP, desfavorecendo concorrentes e, na prática, forçando publishers a permanecerem em suas plataformas.

Entre as proposições da companhia, está também a possibilidade de permitir que publishers exportem seus dados gratuitamente, bem como um compromisso de eliminar as restrições sobre como os publishers podem precificar seu inventário de anúncios, conhecidas como “unified pricing rules”. O Google ainda acenou com a possibilidade de se abster de táticas de leilão, como “First Look” e “Last Look”, em seus produtos de anúncios, as quais o Departamento de Justiça argumentou que conferiam uma vantagem injusta à gigante tecnológica.

Governo dos EUA tenta quebrar monopólio do Google - Imagem do artigo original

Imagem: Cath Virginia via theverge.com

O Futuro da Concorrência na Ad Tech

Como ocorre em todos os litígios antitruste de grande porte, o caminho à frente ainda é longo e complexo. O Google precisa aguardar a decisão final sobre as reparações para poder recorrer da determinação inicial de monopólio. Isso significa que, mesmo que a juíza Brinkema ordene o desmembramento da empresa, sua implementação efetiva poderia levar anos. A amplitude da decisão da magistrada, contudo, terá um impacto significativo e revelará a disposição do sistema de justiça em intervir para desmantelar as grandes empresas de tecnologia.

Este julgamento pode servir de modelo para futuras ações contra gigantes do setor, moldando a paisagem regulatória e econômica. Para mais detalhes sobre as implicações globais desses processos antitruste, você pode consultar informações no Departamento de Justiça dos EUA.

Continue acompanhando a cobertura detalhada do caso, bem como análises aprofundadas sobre política e tecnologia, em nossa editoria dedicada. Para informações adicionais e artigos correlatos, explore nossa seção de Política.

Image: Cath Virginia / The Verge, Getty Images


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