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TÍTULO: Ativistas Iniciam Greve de Fome Contra IA em Gigantes Tech
SLUG: greve-fome-ia-protestos-anthropic-deepmind
META DESCRIÇÃO: Protestos de ativistas marcam sedes da Anthropic em São Francisco e Google DeepMind em Londres. A greve de fome IA clama por fim ao desenvolvimento desenfreado da AGI.
Uma crescente onda de preocupação com o desenvolvimento da inteligência artificial levou a ações diretas de protesto. A partir de 2 de setembro de 2025, um protesto contra IA em formato de greve de fome começou a ganhar destaque. Manifestantes têm ocupado os arredores das sedes da Anthropic em São Francisco, Califórnia, e da Google DeepMind em Londres, no Reino Unido, chamando a atenção para os riscos que, em sua visão, são inerentes à busca pela Inteligência Geral Artificial (AGI).
Guido Reichstadter é um dos nomes centrais neste movimento. Em 17 de setembro, marcando seu 17º dia sem ingestão de alimentos, Reichstadter afirmou estar se sentindo bem, apesar de um ritmo mais lento. Desde 2 de setembro, ele se posiciona diariamente em frente à sede da Anthropic, uma startup de IA, em São Francisco, permanecendo das 11h às 17h. Seu cartaz anuncia a “Greve de Fome: Dia 15”, embora ele tenha cessado a alimentação em 31 de agosto. O principal objetivo de sua manifestação é pressionar a Anthropic a frear a corrida rumo à AGI, um conceito que prevê sistemas de IA que igualem ou superem as capacidades cognitivas humanas.
Ativistas Iniciam Greve de Fome Contra IA em Gigantes Tech
A Inteligência Geral Artificial tem sido um tema constante entre executivos de tecnologia, que veem nesta conquista subjetiva um marco de liderança. Contudo, para Reichstadter, trata-se de um risco existencial que as empresas estão negligenciando seriamente. Ele criticou o esforço em construir sistemas com inteligência humana ou superinteligência, classificando-o como insano e incrivelmente arriscado, defendendo sua interrupção imediata. A greve de fome é, segundo ele, a forma mais impactante de capturar a atenção dos líderes do setor.
Reichstadter cita uma entrevista de 2023 do CEO da Anthropic, Dario Amodei, como exemplo da imprudência da indústria. Amodei estimou que a chance de “algo ir catastrófica e gravemente errado na escala da civilização humana pode estar entre 10 e 25 por cento”. A posição de Amodei, e de outros, é de que o desenvolvimento da AGI é inevitável e que seu papel é ser o guardião mais responsável possível. Reichstadter, contudo, rotula essa postura como um “mito” e um “interesse próprio”, sustentando que as empresas possuem a responsabilidade de não desenvolver tecnologias com potencial de dano em larga escala, e que todos que compreendem o risco também compartilham dessa responsabilidade. Com dois filhos, ele expressa preocupação com o futuro de sua família e da sociedade como um todo diante dos avanços da IA.
Preocupações e Ações Precedentes
Diariamente, Reichstadter acena para os seguranças do escritório da Anthropic enquanto se instala e observa funcionários evitarem seu olhar. Ele relata que pelo menos um funcionário da empresa compartilhou medos semelhantes sobre catástrofes e espera inspirar a equipe das companhias de IA a agir como seres humanos, e não meras ferramentas corporativas, dada a responsabilidade significativa envolvida no desenvolvimento do que ele considera “a tecnologia mais perigosa da Terra”. A Anthropic não se manifestou sobre os protestos até o momento.
As apreensões de Reichstadter ecoam entre inúmeras vozes no campo da segurança de IA, uma comunidade dividida por desentendimentos sobre as ameaças específicas a longo prazo e as melhores abordagens para mitigá-las. No entanto, muitos concordam que a trajetória atual da inteligência artificial não promete um futuro benigno para a humanidade. Reichstadter lembra que percebeu o potencial da IA de nível humano durante a faculdade, há cerca de 25 anos, quando a ideia parecia distante. A liberação do ChatGPT em 2022, no entanto, despertou seu alarme. Sua maior inquietude, ele menciona, é como a IA parece estar impulsionando o autoritarismo nos Estados Unidos.
Em sua fala, o manifestante destaca uma ampla gama de preocupações: “Estou preocupado com minha sociedade, estou preocupado com minha família, seu futuro. Estou preocupado com o que está acontecendo com a IA para afetá-los. Estou preocupado que não esteja sendo usada eticamente. E também estou preocupado que ela represente fundamentos realistas para acreditar que existem riscos catastróficos e até mesmo riscos existenciais associados a ela.” Nos últimos meses, ele intensificou métodos públicos para chamar a atenção de líderes tecnológicos para uma questão que considera vital.
Alianças e Conflitos com o Passado
No passado, Reichstadter colaborou com o grupo Stop AI, que defende a proibição permanente de sistemas de IA superinteligentes para prevenir a extinção humana, a perda massiva de empregos e outros problemas sociais. Em fevereiro, ele e outros membros foram presos por obstrução após ajudar a acorrentar as portas dos escritórios da OpenAI em São Francisco.
No dia 2 de setembro, Reichstadter entregou uma carta manuscrita a Dario Amodei através da segurança da Anthropic, posteriormente publicada online. Na carta, ele exige que Amodei pare de tentar desenvolver uma tecnologia que não pode controlar e que empregue todos os seus esforços para deter a corrida global de IA. Caso contrário, solicita uma justificativa. A carta conclui com a urgência de sua causa: “Pelo bem de meus filhos e com a urgência e a gravidade de nossa situação em meu coração, comecei uma greve de fome em frente aos escritórios da Anthropic — enquanto aguardo sua resposta.”

Imagem: Cath Virginia via theverge.com
Ele expressa esperança de que Amodei “tenha a decência básica de atender a esse pedido”, salientando que os líderes não foram “realmente desafiados pessoalmente”. A diferença entre considerar anonimamente que o trabalho pode resultar na morte de muitas pessoas e enfrentar uma de suas “potenciais vítimas futuras cara a cara” para explicar é significativa, de acordo com ele.
Repercussão Internacional e Debates em Londres
A mobilização de Reichstadter inspirou rapidamente outros ativistas. Pouco após o início de seu protesto pacífico, dois outros, inspirados por ele, iniciaram manifestações semelhantes em Londres, mantendo presença contínua em frente ao escritório da Google DeepMind. Além disso, um manifestante na Índia se juntou à causa, realizando seu jejum via transmissão ao vivo.
Michael Trazzi, um dos participantes da greve de fome em Londres, interrompeu sua ação após sete dias devido a episódios de pré-desmaio e consulta médica, mas continua a apoiar Denys Sheremet, o outro manifestante em seu 10º dia de protesto. Trazzi e Reichstadter compartilham receios semelhantes sobre o futuro da humanidade frente ao avanço da IA, embora evitem se associar a grupos específicos. Trazzi, que medita sobre os riscos da IA desde 2017, também enviou uma carta ao CEO da DeepMind, Demis Hassabis, solicitando uma coordenação para deter o desenvolvimento de superinteligências.
Em sua carta, Trazzi pede que Hassabis “dê um primeiro passo hoje em direção à coordenação de uma futura paralisação no desenvolvimento de superinteligências, declarando publicamente que a DeepMind concordaria em paralisar o desenvolvimento de modelos de IA de ponta se todas as outras grandes empresas de IA no Ocidente e na China fizessem o mesmo.” O plano, após o consenso entre as empresas, é que os governos possam organizar um acordo internacional para reforçar essa interrupção. Conforme relata o portal IEEE Spectrum sobre ética em IA, a necessidade de regulamentação para tecnologias com incentivos que naturalmente “vão na direção errada” é um tema em debate. “Se não fosse pela IA ser muito perigosa, não acho que seria super pró-regulamentação, mas, presumo, há algumas coisas no mundo que, por padrão, os incentivos estão indo na direção errada. Acho que para a IA, precisamos de regulamentação”, explicou Trazzi.
Amanda Carl Pratt, diretora de comunicações da Google DeepMind, divulgou uma declaração oficial afirmando que “a IA é um espaço em rápida evolução e haverá diferentes pontos de vista sobre esta tecnologia”. Ela reiterou a crença da empresa no potencial da IA para “avançar a ciência e melhorar a vida de bilhões de pessoas”, destacando que “segurança, proteção e governança responsável são e sempre foram prioridades máximas” no processo de construir um futuro onde as pessoas se beneficiem da tecnologia sem riscos. Em uma publicação no X (anteriormente Twitter), Trazzi mencionou que a greve de fome provocou discussões entre funcionários de tecnologia, inclusive um da Meta que questionou por que o foco era apenas nas empresas do Google, já que eles também “estão na corrida”. Ele também relatou que um funcionário da DeepMind disse que as empresas de IA provavelmente não lançariam modelos capazes de causar danos catastróficos devido ao “custo de oportunidade”, enquanto outro admitiu que a extinção por IA era “mais provável do que não”, mas escolheu trabalhar na DeepMind por considerá-la uma das empresas mais “conscientes da segurança”.
Nem Reichstadter nem Trazzi obtiveram respostas às suas cartas enviadas a Hassabis e Amodei. O Google, questionado sobre a ausência de resposta de Hassabis, também declinou comentar. No entanto, ambos os ativistas mantêm a esperança de que suas ações resultem em reconhecimento, reuniões ou, idealmente, um compromisso por parte dos CEOs de modificar suas atuais trajetórias. Para Reichstadter, “Estamos em uma corrida global descontrolada para o desastre”, e “se há uma saída, ela dependerá da disposição das pessoas de dizer a verdade e admitir: ‘Não estamos no controle. Peçam ajuda.'”
As ações desses ativistas, pautadas em greves de fome e protestos pacíficos, ressaltam o crescente debate sobre a ética e os riscos envolvidos no rápido avanço da inteligência artificial, especialmente a AGI. A sociedade e os líderes do setor precisam de um diálogo transparente para mitigar os possíveis impactos negativos. Para aprofundar seu entendimento sobre os grandes debates da nossa época, explore nossa categoria de Política e acompanhe as discussões em pauta.
Crédito da imagem: Cath Virginia / The Verge, Getty Images
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