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Os resultados da Intel no terceiro trimestre de 2025 revelaram um marco importante para a gigante dos semicondutores: o primeiro lucro em quase dois anos, impulsionado significativamente por aportes financeiros de Nvidia, Softbank e o governo dos Estados Unidos. Contudo, apesar do crescimento esperado no setor de PCs, a empresa sinaliza uma mudança estratégica fundamental, direcionando seus recursos prioritariamente para o desenvolvimento de chips de Inteligência Artificial (IA), especialmente para servidores, em detrimento de certos processadores para consumidores. Esta decisão reflete um cenário complexo de mercado e desafios na cadeia de produção.
A indústria de PCs vive um período de transição, com o sistema operacional Windows 10 caminhando para seus estágios finais de suporte. Espera-se que o mercado de computadores testemunhe um crescimento inédito em anos, rivalizando com o boom de 2021, quando a pandemia de COVID-19 gerou uma onda massiva de demanda por equipamentos. No entanto, mesmo com este potencial aquecimento, a Intel, que tem enfrentado dificuldades e foi revitalizada pelos suportes financeiros mencionados, parece não estar plenamente preparada para capitalizar todas as oportunidades, concentrando seus esforços na área de Inteligência Artificial.
Intel Prioriza Chips IA Após Lucro no Q3 de 2025
Durante a teleconferência de resultados do terceiro trimestre de 2025, na qual a Intel reportou o retorno à lucratividade, o CEO Lip-Bu Tan e o CFO David Zinsner elucidaram os obstáculos atuais da companhia. A Intel está atualmente confrontada com uma escassez de chips, problema que, segundo as previsões da liderança, deverá atingir seu pico no primeiro trimestre do ano seguinte. Diante dessa realidade, a estratégia delineada é clara: priorizar a capacidade de produção de chips para servidores de IA em detrimento de determinadas unidades de processamento destinadas a usuários finais, ajustando-se à dinâmica de oferta e demanda. Conforme a própria empresa detalhou, “Esperamos que a Receita de Computação Cliente (CCG) diminua modestamente e a Receita de Datacenters e IA (DCAI) cresça fortemente, pois priorizamos a capacidade para remessas de servidores em detrimento de peças de cliente de nível básico.”
Essa mudança estratégica é evidente no compromisso da Intel de lançar novas GPUs dedicadas à IA anualmente, seguindo os passos de concorrentes como Nvidia e AMD. Ambas as empresas já reformularam seus ciclos de lançamento tradicionais para atender à voraz demanda por servidores de Inteligência Artificial. As implicações dessa tática para os consumidores que esperam mais opções de GPUs para jogos da Intel, no entanto, permanecem incertas. A guinada para a IA representa um reposicionamento estratégico que pode redefinir o futuro de seus produtos para o segmento consumidor.
Paralelamente, a expectativa do mercado foca nos novos produtos da Intel, como o aguardado Panther Lake e o processo de fabricação 18A. O processo 18A representa uma nova geração na tecnologia de produção de semicondutores da Intel, buscando solidificar a capacidade da empresa de fabricar seus próprios chips para PC mais potentes. No entanto, a companhia confirmou que lançará apenas uma única Unidade de Manutenção de Estoque (SKU) este ano para o Panther Lake, com outros modelos sendo lançados gradualmente ao longo de 2026. David Zinsner, o CFO, sugeriu um motivo para esta lentidão: o Panther Lake poderá ter um custo inicial consideravelmente alto, levando a Intel a focar nos chips Lunar Lake existentes durante, pelo menos, a primeira metade do próximo ano como uma alternativa mais viável para o mercado.
Apesar das reiteradas afirmações de que o processo 18A não sofria de baixos rendimentos, a Intel admitiu, durante a conferência, a investidores e analistas que, embora os rendimentos sejam “adequados para lidar com o fornecimento”, eles ainda não estão no nível ideal “para impulsionar o nível apropriado de margens”. Zinsner sugeriu que pode ser apenas em 2026, ou até 2027, que a empresa alcançará níveis aceitáveis de rendimento para esta tecnologia. Esta realidade força a Intel a colaborar mais estreitamente com seus clientes, otimizando a produção disponível através de ajustes de preço e de mix de produtos. O objetivo é direcionar a demanda para onde a oferta existe e atende à necessidade dos parceiros, o que implica em uma negociação sobre os preços cobrados para a inclusão de componentes Intel em seus computadores e a preferência pelos chips Lunar Lake em vez dos mais recentes. Lip-Bu Tan reforçou que a empresa não investirá em aumento de capacidade sem uma demanda externa firmemente comprometida, e os investimentos em capacidade para o próximo ano não alterarão significativamente as expectativas de curto prazo.
A Intel projeta o 18A como um “nó de longa vida”, previsto para suportar pelo menos as próximas três gerações de produtos, tanto para clientes quanto para servidores. Para quem esperava o retorno do modelo “tick-tock” da Intel, onde a empresa alternava anualmente entre a miniaturização de seus chips (“tick”) e o lançamento de novas arquiteturas (“tock”), essa abordagem não será retomada. Contudo, isso não implica no cancelamento do próximo nó de produção da Intel, o 14A, uma possibilidade anteriormente ventilada. Tan indicou que clientes se mobilizaram para salvar o 14A, manifestando satisfação e confiança na sua viabilidade. Zinsner, por sua vez, complementou que o 14A não apenas começou bem, mas está superando o 18A em termos de desempenho e rendimento em seu estágio atual. A continuidade do 14A sinaliza a flexibilidade da Intel em responder às exigências do mercado e à performance de suas diferentes linhas de tecnologia. Esta reestruturação do roadmap é um reflexo do crescimento robusto e acelerado do mercado de semicondutores de IA, exigindo que fabricantes se adaptem rapidamente às demandas por capacidade e inovacão.
A Intel navega um período de transição crucial, equilibrando os desafios de produção e a urgência estratégica. Com o primeiro lucro em quase dois anos no terceiro trimestre de 2025, impulsionado por apoios externos, a empresa reforça seu foco em **chips IA** e servidores, redefinindo prioridades em sua cadeia de suprimentos e roteiro de produtos. As dificuldades nos rendimentos do processo 18A e a aposta nos chips Lunar Lake evidenciam as complexidades do mercado. Contudo, a continuidade do nó 14A, impulsionada pela demanda de clientes, demonstra a resiliência da empresa em um setor de semicondutores cada vez mais competitivo e orientado pela inovação em inteligência artificial.
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Imagem: Tom Warren/The via theverge.com
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