SP Registra Alta em Casos de Intoxicação por Metanol em Bebidas

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Um preocupante aumento de casos de intoxicação por metanol, uma substância altamente tóxica encontrada em bebidas alcoólicas adulteradas, foi registrado no estado de São Paulo no último mês. As ocorrências somam ao menos nove episódios, conforme divulgado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

As autoridades classificaram o volume de notificações como “fora do padrão”, um alerta que acende a luz para a gravidade da situação. Desta vez, a dinâmica dos incidentes chamou a atenção: diferentemente do que era observado anteriormente, quando as intoxicações por metanol estavam majoritariamente ligadas à ingestão intencional em contextos de abuso, com frequente envolvimento de pessoas em situação de rua, os novos registros aconteceram em bares. Os casos atuais estão associados a diversas bebidas, como gin, uísque, vodca e outros destilados.

SP Registra Alta em Casos de Intoxicação por Metanol em Bebidas

Diante desse cenário, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) emitiu, no último sábado (27/09), uma recomendação direcionada a estabelecimentos comerciais que vendem bebidas alcoólicas em São Paulo. O objetivo é reforçar a segurança e a rastreabilidade dos produtos, incentivando práticas de compra seguras e a verificação minuciosa dos itens ofertados ao consumidor.

A nota do MJSP sublinha a importância de as empresas redobrarem a atenção a indícios de adulteração. Preços excessivamente baixos, lacres desalinhados ou danificados, falhas grosseiras na impressão de rótulos, um odor incomum semelhante a solvente e, crucialmente, relatos de clientes que apresentem sintomas como visão turva, dores de cabeça intensas, náuseas ou rebaixamento da consciência, devem ser considerados como forte suspeita. Nestes casos, a recomendação é imediata: encaminhar o indivíduo para atendimento médico urgente e contatar o Disque-Intoxicação, serviço oferecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), disponível no telefone 0800 722 6001. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem papel crucial na segurança sanitária e no combate a produtos ilegais.

A Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) também se manifestou, indicando que tem acompanhado e participado de diversas ações de combate ao comércio ilegal de produtos. A entidade informou que, somente em 2025, foram apreendidos mais de 160 mil produtos falsificados, evidenciando a escala do problema e a constante ameaça à saúde pública.

O que é Metanol e Por Que é Perigoso?

O metanol, ou álcool metílico, é uma substância química industrial com aplicações diversas, sendo um componente comum em fluidos anticongelantes e limpadores de para-brisa. Sua toxicidade é alta, e ele não é, sob nenhuma circunstância, adequado para consumo humano. A ingestão, mesmo em pequenas quantidades, pode causar danos irreversíveis e até ser letal, dependendo da concentração e da dose presente na bebida adulterada.

Os primeiros efeitos da ingestão de metanol podem ser enganosos, pois sua aparência, sabor e sintomas iniciais – como a sensação de embriaguez e náusea – são muito similares aos do álcool etílico (o álcool comum das bebidas). Por essa razão, as vítimas podem não perceber de imediato que há algo errado.

O verdadeiro perigo se manifesta horas após a ingestão, quando o organismo tenta processar a substância. O fígado metaboliza o metanol, gerando subprodutos ainda mais tóxicos, como formaldeído, formato e ácido fórmico. Essas toxinas se acumulam e começam a atacar os nervos e órgãos vitais do corpo, o que pode culminar em cegueira permanente, coma e até a morte. Christopher Morris, professor da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, explica que “o formato, que é a principal toxina produzida, age de forma semelhante ao cianeto e interrompe a produção de energia nas células, e o cérebro parece ser muito vulnerável a isso”. Ele adiciona que “isso leva a danos em certas partes do cérebro. Os olhos também são diretamente afetados, e isso pode causar cegueira, o que é visto em muitas pessoas expostas a altos níveis de metanol”.

SP Registra Alta em Casos de Intoxicação por Metanol em Bebidas - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

A intensidade da toxicidade do metanol é diretamente proporcional à dose consumida e à maneira como o corpo de cada indivíduo lida com ela. Semelhante ao álcool etílico, indivíduos com menor peso corporal tendem a ser mais gravemente afetados por uma mesma quantidade. O médico Knut Erik Hovda, da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), ressalta que os sintomas da intoxicação frequentemente são vagos até que o paciente esteja em um estado de saúde grave, o que pode levar a diagnósticos tardios e complicações ainda maiores, especialmente em regiões com menor conscientização.

Tratamento de Emergência para Intoxicação por Metanol

A intoxicação por metanol constitui uma emergência médica que exige atendimento hospitalar imediato. Existem tratamentos específicos que podem ser administrados, como a utilização de medicamentos e a diálise, um procedimento para limpar o sangue das toxinas. Curiosamente, em alguns casos, o próprio álcool etílico (etanol) pode ser usado como tratamento. Este atua competindo com a metabolização do metanol, impedindo que o organismo o converta em subprodutos tóxicos. Contudo, essa intervenção deve ser realizada com extrema rapidez.

Alastair Hay, professor especialista em toxicologia ambiental da Universidade de Leeds, no Reino Unido, detalha que “o etanol atua como um inibidor competitivo, impedindo em grande parte a metabolização do metanol, mas retardando-a consideravelmente, permitindo que o corpo libere o metanol dos pulmões e um pouco por meio dos rins, e um pouco pelo suor”. O Dr. Knut Erik Hovda enfatiza que o socorro precoce é decisivo para a sobrevivência e para minimizar os danos. “Você pode aliviar todos os efeitos se chegar ao hospital cedo o suficiente, e se o hospital tiver o tratamento necessário”, diz ele. “O antídoto mais importante é o álcool comum.”

Como Proteger-se da Intoxicação por Metanol

A prevenção é a melhor forma de evitar a intoxicação por metanol. Para proteger sua saúde e a de seus familiares, é crucial seguir algumas diretrizes básicas ao adquirir e consumir bebidas alcoólicas:

  • Compre bebidas apenas em lojas e estabelecimentos licenciados, que inspirem confiança e que tenham boa reputação no mercado.
  • Ao consumir drinks em bares e hotéis, certifique-se de que os locais também possuam licença de funcionamento e sigam as normas sanitárias.
  • Evite terminantemente bebidas alcoólicas de fabricação caseira ou de procedência duvidosa, cujos processos de produção e ingredientes não podem ser verificados.
  • Verifique sempre se o lacre da garrafa está intacto e sem sinais de violação. Um lacre danificado é um forte indício de adulteração.
  • Analise a qualidade da impressão do rótulo e observe a presença de eventuais erros de ortografia. Rótulos malfeitos ou com grafias incorretas podem indicar falsificação.

Em caso de qualquer suspeita ou se você, ou alguém próximo, apresentar sinais de intoxicação por metanol, como os mencionados anteriormente (visão turva, dor de cabeça intensa, náuseas, confusão mental), procure atendimento médico urgente imediatamente. A rapidez no socorro pode ser determinante para a recuperação.

Este cenário de casos de intoxicação por metanol ressalta a importância da vigilância tanto por parte dos comerciantes quanto dos consumidores. Manter-se informado e adotar precauções pode fazer toda a diferença. Para continuar acompanhando as notícias sobre segurança pública e saúde em nossas cidades, acesse a nossa seção de Cidades e fique por dentro dos principais acontecimentos que afetam a vida do brasileiro.

Crédito, Getty Images


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