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Jamie Siminoff, o fundador da Ring, emerge no centro das atenções com o lançamento de seu novo livro, ‘Ding Dong’, uma obra que desvenda a fascinante e tumultuada jornada de como a startup de campainhas com vídeo transformou-se em um colosso da segurança doméstica, e como ele próprio quase a destruiu. Siminoff, que reassumiu o comando da Ring, reforça seu foco na missão original de ‘tornar os bairros mais seguros’, agora impulsionada pelas promessas da inteligência artificial. O empresário compartilha reflexões profundas sobre os altos e baixos de criar e sustentar uma das inovações mais disruptivas do setor de casas inteligentes.
A Visão Ambiciosa para o Futuro da Ring
Em suas recentes conversas com a imprensa, antes do lançamento oficial de ‘Ding Dong’ em 10 de novembro (disponível em e-book, capa mole, capa dura e audiolivro), Siminoff expressou uma crença ambiciosa: com a crescente capacidade da inteligência artificial e uma vasta rede de câmeras, a Ring pode, em um futuro próximo, ‘praticamente zerar a criminalidade’ em até 12 a 24 meses. Ele pondera que não se trata de eliminar todos os tipos de crime, mas sim de mitigar significativamente a maior parte deles. ‘Em bairros normais e comuns, com a quantidade certa de tecnologia e com IA, podemos chegar muito perto de zerar o crime’, afirmou Siminoff, reiterando que isso pode ocorrer em menos de um ano. Tal visão, embora audaciosa, reacende o debate sobre a privacidade e o papel da Ring junto às autoridades, um tema sensível que havia sido suavizado pela sua antecessora, Liz Hamren. Críticos, como defensores da privacidade e grupos de direitos civis, contestam veementemente, alertando para a potencial criação de uma rede de vigilância privada e questões de privacidade, tópico de discussão frequente no mundo da tecnologia, como aponta uma análise recente da privacidade em casas inteligentes. Siminoff, no entanto, defende o ressurgimento dessas parcerias, incluindo a ferramenta de solicitação comunitária que permite que a polícia local solicite gravações de vídeo de usuários da Ring. Ele desconsidera as controvérsias, classificando-as como ‘desinformação’, acreditando que segurança e privacidade podem coexistir.
Jamie Siminoff: Fundador da Ring Reflete Sobre Crise
A trajetória da Ring está repleta de reviravoltas e momentos que testaram os limites da inovação e da resiliência, culminando em eventos onde o próprio Jamie Siminoff reconhece ter desempenhado o papel do ‘homem da demolição’. Esses momentos críticos, recontados com franqueza em ‘Ding Dong’, revelam a intensidade do cenário startup, onde uma única decisão pode selar o destino de uma empresa. O fundador da Ring, agora mais experiente, detalha como a paixão e energia que impulsionaram a criação do negócio também poderiam ter sido sua ruína.
A Origem Humilde e o Sucesso de ‘Ding Dong’
Apesar de ser sinônimo de segurança hoje, a Ring não nasceu com esse propósito explícito. A génese da ideia é um clássico no universo da casa inteligente: em 2011, Siminoff, então um inventor serial, trabalhava na garagem de casa e, frustrado por perder entregas de encomendas, questionou por que seu novo iPhone não poderia alertá-lo de alguma forma. Assim nasceu o DoorBot, precursor da Ring. Após anos de desenvolvimento, uma notória rejeição no programa ‘Shark Tank’ e uma jornada de carro de quatro horas até Las Vegas, o conceito evoluiu e a empresa de segurança inteligente, Ring, tomou forma e se tornou uma realidade vibrante.
‘Ding Dong’, disponível para pré-venda e lançamento em 10 de novembro, é coescrito por Andrew Postman e se posiciona tanto como um manual empreendedor quanto uma jornada pessoal. Siminoff considera a missão de ‘tornar os bairros mais seguros’ o pilar central do sucesso da Ring. O livro abrange a fundação da empresa até a aquisição pela Amazon em 2018, abordando inclusive as parcerias com as forças da lei, mesmo que grande parte delas tenha se consolidado após a venda. O fundador confessou que o processo de escrita foi uma experiência humilhante, pois o fez reconhecer que ‘nem sempre esteve certo’, cometendo, segundo ele, ‘muitas bobagens’, ou ‘dumb shit’, que ironicamente, se mostraram ótimas para a narrativa do livro.
O Quase Colapso Provocado pela Atitude Pessoal
Um exemplo marcante dessas ‘bobagens’ foi o litígio com a ADT em 2017. Enquanto a empresa de segurança acusava a Ring de roubo de segredos comerciais, Siminoff recorda-se de ter confrontado um executivo da ADT com ‘certa atitude’, orgulhando-se, na época, de sua postura firme. Retrospectivamente, ele avalia sua conduta como irresponsável. ‘Bastava ter dito: ‘Deixa-me ir aí, vamos sentar e resolver”, refletiu Siminoff, convencido de que, com uma abordagem diferente, a situação teria se normalizado. Contudo, sua inflexibilidade, acredita, teria levado a ADT a uma escalada que resultou em uma ordem judicial impedindo as vendas do sistema de alarme Ring, então prestes a ser lançado. Essa reviravolta assustou investidores, abortou uma rodada de financiamento que poderia ter levado a empresa à abertura de capital e até mesmo inviabilizou uma potencial venda para a Amazon, colocando a Ring à beira da falência. ‘Eu estava com o mundo a meus pés, US$ 10 milhões na mesa e a Amazon de olho, e a rodada Série E explodiu no mesmo momento em que a Amazon retirou sua oferta. Tudo desmoronou por minha culpa, porque fui um grande idiota’, confessou Siminoff, com uma honestidade brutal.

Imagem: Ding Dong via theverge.com
Surpreendentemente, a ADT posteriormente demonstrou interesse em um acordo. A Ring acabou pagando US$ 25 milhões à ADT, lançou seu sistema de alarme e, eventualmente, a Amazon voltou à mesa de negociações, adquirindo a Ring por um valor de US$ 1 bilhão em 2018. Siminoff, ao recontar esses eventos, admitiu: ‘Ao passar pelo processo [de escrita do livro], percebi que fui o homem da demolição. Minha mesma energia e paixão que criaram o negócio também criaram aquilo’.
A Primeira Crise Existencial e o ‘Milagre’ do Natal
Antes mesmo do episódio com a ADT, a startup já havia enfrentado outra provação que a levou à beira do colapso no final de 2013. A Ring se preparava para enviar a primeira encomenda significativa de 3.000 unidades do DoorBot. Era pouco antes do Natal, e a pressão dos clientes era imensa, com e-mails demandando: ‘Entregue até o Natal ou cancele meu pedido’. Siminoff estava ciente de que precisava entregar, pois não possuía capital para reembolsar ninguém. Contudo, um problema grave surgiu: os feeds de vídeo dos aparelhos estavam irregulares. Ele havia contratado um engenheiro para resolver, que pensou ter encontrado a solução. A correção foi enviada à fábrica, o produto foi despachado aos clientes, sem testar as unidades. Relatos de erros e DoorBots inoperantes surgiram rapidamente. ‘Era véspera da véspera de Natal. Pegamos um da caixa, configuramos, e ele tinha todas aquelas linhas verdes no vídeo’, relembra. ‘Pegamos outro e o configuramos. Linhas verdes. Que m****.’ A correção não funcionou, e nenhum dos DoorBots operava corretamente. Siminoff descreve o momento de desespero: ‘Lembro-me de sentar à mesa com minha esposa e filho, que tinha uns 7 anos, e estava quase calmo. Sabia que tudo estava acabado’.
Um milagre de última hora — o CTO, Mark Dillon, passou a noite inteira trocando o servidor do DoorBots de uma plataforma gratuita para uma paga — acabou resolvendo o problema de alguma forma. Dillon ligou para Siminoff às 6h da véspera de Natal exclamando: ‘Meu Deus! Funciona!’. Eles nunca descobriram a causa exata do problema ou como a solução de Dillon funcionou. ‘Éramos tão novos em câmeras e tudo mais que nem sabíamos o que ele havia mudado’, explicou Siminoff. Uma década depois, refletindo sobre o incidente, ele crê que esse ‘erro colossal’ foi, paradoxalmente, a razão pela qual a qual a empresa sobreviveu. ‘Se tivéssemos verificado [os produtos], isso teria nos atrasado para depois dos feriados, o que poderia ter nos levado à falência’. Sem a pressão para encontrar uma solução urgente, a empresa poderia ter protelado o lançamento por meses. ‘A maioria das startups tem essas histórias de estar à beira do abismo, com a única forma de sobreviver sendo um milagre’, comentou Siminoff. ‘Quando você precisa sobreviver, acaba se tornando muito criativo’.
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A fascinante odisseia de Jamie Siminoff com a Ring, narrada em ‘Ding Dong’, oferece uma aula valiosa sobre empreendedorismo, resiliência e a inevitável interação entre inovação, falhas e o espírito de sobrevivência. Os desafios enfrentados, desde falhas técnicas até embates legais e crises financeiras, moldaram a Ring na gigante que é hoje, sempre buscando sua missão original de ‘tornar os bairros mais seguros’. Para aprofundar seu conhecimento sobre os desdobramentos econômicos e empresariais, explore nossa editoria de Economia.
Crédito da imagem: Ding Dong
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