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O Departamento de Justiça dos Estados Unidos deu início a uma ação judicial contra a Uber, gigante dos serviços de transporte por aplicativo, formalizando a acusação de que a companhia está infringindo a legislação federal ao praticar discriminação contra indivíduos com deficiências físicas. Este movimento do órgão regulador reacende debates cruciais sobre acessibilidade e inclusão em plataformas digitais amplamente utilizadas pela população e, sobretudo, pela comunidade de pessoas com mobilidade reduzida ou necessidades especiais.
De acordo com os autos do processo, impetrado pela divisão de direitos civis do Departamento de Justiça (DOJ), a Uber e sua rede de motoristas parceiros supostamente recusam rotineiramente o atendimento a usuários com deficiência. Entre as situações destacadas na queixa formal, incluem-se casos de passageiros que necessitam viajar com animais de serviço ou aqueles que utilizam cadeiras de rodas dobráveis, configurando uma barreira significativa e inaceitável para a plena utilização dos serviços oferecidos pela plataforma.
Justiça Processa Uber por Discriminação Contra Pessoas com Deficiência
A denúncia do Departamento de Justiça detalha ainda outras práticas supostamente discriminatórias, como a imposição de taxas extras a passageiros que exigem acomodações especiais. Estas incluem cobranças de taxas de cancelamento aplicadas quando o serviço é negado injustificadamente. Tais ações e outras irregularidades listadas na queixa, segundo o DOJ, contrariam flagrantemente as disposições da Americans with Disabilities Act (Lei para Americanos com Deficiências – ADA), uma legislação federal crucial que garante os direitos de acessibilidade para pessoas com deficiência em diversas esferas públicas e privadas nos EUA. A Americans with Disabilities Act (ADA) proíbe a discriminação e visa assegurar que indivíduos com deficiências tenham as mesmas oportunidades de participação integral na vida pública que os demais cidadãos.
Em sua petição, os advogados que representam o Departamento de Justiça argumentam que, apesar da relevância intrínseca dos serviços de mobilidade da Uber para pessoas com deficiência, a empresa impede o desfrute pleno e equitativo de suas ofertas de maneiras essenciais e injustificáveis. O órgão acusa a Uber de recusar-se a adaptar razoavelmente suas políticas, práticas ou procedimentos onde tais modificações seriam intrínsecas e essenciais para evitar atos discriminatórios contra usuários que possuem deficiências. Essas condutas, na avaliação minuciosa do DOJ, teriam resultado em prejuízos consideráveis de ordem econômica, emocional e física para as pessoas com deficiência que foram afetadas diretamente pelos supostos abusos da plataforma.
A Resposta da Uber Diante das Acusações Federais e a Sua Política de Inclusão
Em comunicado oficial, a Uber manifestou sua veemente e categórica discordância com as alegações apresentadas pelo Departamento de Justiça. A empresa salientou que mantém uma política rigorosa de “tolerância zero” para quaisquer recusas confirmadas de serviço baseadas em discriminação. De acordo com a plataforma, todos os motoristas registrados em sua rede de parceiros são obrigados a reconhecer e aderir plenamente às políticas de Animais de Serviço dos EUA, assim como a todas as leis de acessibilidade aplicáveis, antes mesmo de começar a utilizar o aplicativo Uber Driver para oferecer corridas. Além disso, a empresa assegura que notifica seus motoristas regularmente sobre essas obrigações legais e contratuais, reforçando a importância do cumprimento. Em situações onde uma violação da política é formalmente confirmada após investigação, a Uber declara que toma “ações decisivas” e imediatas, incluindo a desativação permanente da conta do motorista infrator, garantindo a responsabilização e a seriedade do compromisso com a inclusão.
A disputa legal atual, entretanto, não representa o primeiro embate da Uber com acusações de discriminação direcionadas especificamente a pessoas com deficiência. A empresa já enfrentava, há tempos, denúncias consistentes e uma série de protestos públicos relacionados à forma como seus serviços atendiam (ou falhavam em atender adequadamente) passageiros com deficiências físicas, resultando em barreiras de mobilidade e dignidade. Um precedente marcante dessa longa trajetória de embates ocorreu em 2021, quando o próprio Departamento de Justiça processou a Uber por supostamente cobrar taxas excessivas desses passageiros. Esse processo culminou em um acordo substancial em 2022, no qual a empresa se comprometeu a pagar milhões de dólares em indenizações para mais de 65.000 usuários afetados pelas práticas discriminatórias. Paralelamente a essas ações governamentais, a Uber também tem sido alvo de diversas ações judiciais individuais movidas por passageiros que relatam ter sido vítimas de discriminação semelhante por parte da plataforma e seus motoristas.

Imagem: Getty via techcrunch.com
Detalhamento do Processo Mais Recente e Cronologia dos Fatos Investigados
A ação judicial mais recente do Departamento de Justiça contra a Uber, cujo mérito aborda as violações das políticas de inclusão e acessibilidade, foi formalmente protocolada em um tribunal federal de grande jurisdição, localizado no Distrito Norte da Califórnia, em uma quinta-feira. Documentos obtidos e citados no processo revelam que o Departamento de Justiça já havia notificado a Uber no ano de 2024, informando a companhia que a conduta de seus serviços em relação a passageiros com deficiência estava sob uma investigação aprofundada por parte do órgão. Segundo o que consta na petição inicial, após ser alertada sobre essa apuração em andamento, a Uber implementou uma medida pró-ativa e de melhoria: um recurso em seu aplicativo que permite aos passageiros se identificarem previamente caso estejam viajando com animais de serviço, buscando otimizar o atendimento, aprimorar a comunicação e evitar futuras ocorrências de recusa ou discriminação, além de reforçar seu compromisso com a conformidade legal e a inclusão social.
Este caso sublinha a constante e complexa tensão entre a inovação tecnológica no setor de transportes e a necessidade inalienável de garantir a inclusão, a dignidade e a igualdade de acesso para todos os cidadãos, independentemente de suas condições físicas. A decisão judicial sobre este processo poderá impactar significativamente as operações da Uber e de outras plataformas de tecnologia e mobilidade, servindo de precedente e referência. O veredicto é aguardado com grande interesse tanto pela comunidade de pessoas com deficiência, que busca por justiça e igualdade, quanto pelos setores regulatório e empresarial, que veem nesta ação um importante marco para as políticas de responsabilidade corporativa e direitos do consumidor.
Continuaremos acompanhando de perto o desdobramento deste importante caso, que ressalta a responsabilidade das empresas em zelar pela inclusão de todos. Para mais informações e análises aprofundadas sobre temas que afetam o mercado de transportes, economia global e a sociedade brasileira, confira outros artigos em nossa editoria de Economia e mantenha-se informado sobre os acontecimentos mais relevantes.
Crédito da imagem: TechCrunch
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