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Em declarações marcadas por um tom enfático, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reiterou a distinção entre a relação bilateral brasileira com Israel e sua desavença pessoal com o atual Primeiro-Ministro israelense, Benjamin Netanyahu. As afirmações ocorreram em Roma, na Itália, nesta segunda-feira (13/10), em um período delicado que marca o cessar-fogo entre Hamas e Israel na Faixa de Gaza. O presidente demonstrou otimismo, salientando que “Lula: Brasil Não Tem Problema com Israel, Mas com Netanyahu”, destacando a esperança de um acordo duradouro.
Durante uma coletiva de imprensa realizada após sua participação no Fórum Mundial da Alimentação, promovido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Lula expressou a urgência de garantir a paz. Segundo o líder brasileiro, “há muitas possibilidades de um acordo ser definitivo”, o que, em sua visão, restauraria “pelo menos, o direito das pessoas de viverem tranquilas, sem medo de uma bomba, sem medo de um prédio cair”, embora reconheça a irrecuperável perda das “vidas dos milhões que morreram”.
Questionado sobre as perspectivas futuras para o relacionamento entre Brasil e Israel no pós-cessar-fogo, Lula indicou claramente que a normalização dos laços diplomáticos dependeria de uma mudança na liderança de Tel Aviv. Sua fala resumiu a complexidade da questão:
Lula: Brasil Não Tem Problema com Israel, Mas com Netanyahu
Lula reiterou: “O Brasil não tem um problema com Israel. O Brasil tem problema com o Netanyahu.” Ele acrescentou que “A hora que Netanyahu não for mais governo, não haverá nenhum problema entre Brasil e Israel, que sempre tiveram uma relação muito boa”, sublinhando a percepção de que as divergências são estritamente com a gestão atual do Primeiro-Ministro.
Perspectivas do Conflito em Gaza e Repercussões Internacionais
As notícias advindas de Gaza, com os desenvolvimentos do cessar-fogo e a troca de prisioneiros e reféns entre Hamas e Israel, também levaram o presidente a traçar paralelos com outros cenários de tensão global. Lula sugeriu que a crise no Oriente Médio serviria de estímulo para que o mundo voltasse suas atenções à resolução da guerra na Ucrânia, enfatizando a necessidade de buscar a paz em conflitos internacionais. Esta é uma posição que o governo brasileiro tem defendido consistentemente, buscando mediar diálogos e promover soluções pacíficas para as disputas que afligem o cenário geopolítico.
Agenda de Lula em Roma: Encontro com o Papa e Pauta Social
A estadia do presidente brasileiro na capital italiana foi multifacetada, incluindo compromissos de alta relevância diplomática e social. Além do fórum da FAO, Lula reservou tempo para um encontro significativo no Vaticano com o Papa Leão 14 na manhã daquela segunda-feira. A audiência, inicialmente programada como uma visita de Estado, foi reclassificada para um encontro privado, por decisão da Santa Sé, conforme revelado por membros do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
A reunião a portas fechadas envolveu a troca de presentes e uma profunda discussão sobre temas prementes como a pobreza e a injustiça social, que são bandeiras comuns aos dois líderes. Após o encontro, Lula demonstrou grande sintonia com o pontífice: “Eu posso dizer que houve muita química na minha relação com o papa”, afirmou o presidente. “Parecia que eu estava conversando com alguém que eu já conhecia há 20 anos, 30 anos”, complementou, evidenciando uma conexão pessoal forte.
Cenário Político Interno: STF e Extradição de Zambelli
Durante a coletiva, o presidente abordou questões domésticas de grande repercussão, como a indicação de um novo ministro para o Supremo Tribunal Federal (STF) e o pedido de extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL). Sobre Zambelli, que havia sido presa na Itália após ser condenada a dez anos de prisão pelo STF em maio, Lula manifestou aparente desinteresse. Ao ser questionado, o petista disse “nem se lembrava” do nome da parlamentar. Para Lula, a situação de Zambelli “é uma pessoa que não merece respeito do que é uma democracia. Ela vai pagar pelo erro que fez, ou aqui ou no Brasil. Portanto, é uma questão da Justiça, não é uma questão minha”.

Imagem: bbc.com
Em relação à escolha do novo magistrado para a Suprema Corte, que sucederá Luís Roberto Barroso após sua aposentadoria antecipada anunciada na semana anterior, Lula frisou que sua decisão se pautará estritamente pela qualificação do profissional. “Não sei se mulher ou homem, não sei se preto ou branco. Quero, antes de tudo, uma pessoa gabaritada para ser ministro da Suprema Corte. Eu não quero um amigo, quero um ministro da Suprema Corte que terá com função específica cumprir a Constituição brasileira. É essa a única qualidade que eu quero”, declarou o presidente, sinalizando o compromisso com a impessoalidade e a competência técnica para a importante função.
FAO: A Fome como Desafio Global e o G20
O compromisso central de Lula na agenda oficial em Roma foi, de fato, a participação no evento da FAO. O presidente presidiu uma reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Esta é uma iniciativa liderada pelo Brasil, concebida durante a presidência do país no G20 em 2024, visando promover soluções coletivas para um dos problemas mais persistentes do mundo. Para mais detalhes sobre iniciativas de segurança alimentar, pode-se consultar a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em seu site oficial.
Em seu discurso no plenário do Fórum, Lula defendeu a necessidade imperativa de “colocar os pobres no orçamento de seus países”, rejeitando categoricamente a ideia de que se trata meramente de “assistencialismo”. Ele também fez uma contundente referência à situação de Gaza, sublinhando que “a fome é irmã da guerra”. Conflitos armados, para o presidente, resultam não apenas em “sofrimento humano e da destruição da infraestrutura”, mas também “desorganizam cadeias de insumos e alimentos”. Criticou, ainda, “barreiras e políticas protecionistas de países ricos [que] desestruturam a produção agrícola no mundo em desenvolvimento”. Concluiu seu discurso atrelado à agenda social e econômica do Brasil: “Da tragédia em Gaza à paralisia da Organização Mundial do Comércio, a fome tornou-se sintonia do abandono das regras e das instituições multilaterais”.
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Em suma, a passagem de Lula por Roma foi palco para abordagens sobre questões críticas da política externa e interna, reafirmando o posicionamento do Brasil em cenários globais e consolidando sua agenda de combate à desigualdade social e à fome. Para aprofundar-se em outros desdobramentos políticos do governo e suas implicações, convidamos você a continuar acompanhando a editoria de Política em Hora de Começar, onde você encontra análises e notícias relevantes.
Crédito, Adriano Machado/Reuters
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