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As recentes investigações sobre o universo das **apostas na NBA** e jogos ilegais nos Estados Unidos trouxeram à tona uma realidade que remete a tramas cinematográficas, evidenciando que a máfia, historicamente enraizada no país, não apenas persiste, mas também adapta seu *modus operandi* aos tempos modernos. Duas operações federais anunciadas em 23 de outubro detalharam esquemas intrincados, culminando na detenção de 31 indivíduos em 11 diferentes estados, muitos deles ligados à renomada organização criminosa ítalo-americana, a La Cosa Nostra. Os golpes, de grande escala, já teriam provocado um prejuízo de US$ 7 milhões, o equivalente a R$ 37,7 milhões.
Parte do que confere a essas ocorrências um caráter de filme hollywoodiano é, indubitavelmente, o presumido envolvimento do crime organizado. A máfia conquistou um lugar icônico na cultura popular americana através de décadas de representações em filmes, programas de televisão e obras literárias. Edward McDonald, advogado e ex-promotor que viveu o papel de si mesmo no clássico “Os Bons Companheiros”, ecoa a frase do ator Ray Liotta no mesmo filme: “Éramos tratados como estrelas de cinema com músculos”, sublinhando a aura mítica que envolvia os mafiosos no auge de seu poder.
Máfia USA: Escândalo de Apostas na NBA Exibe Nova Ação
Contudo, a percepção de promotores experientes sugere que a influência e as atividades criminosas da máfia evoluíram significativamente desde seu período de maior visibilidade no século 20, quando os noticiários eram dominados por histórias de assassinatos, extorsões e julgamentos sanguinários. As estratégias judiciais contundentes das décadas de 1980 e 1990 foram instrumentais para desmantelar o domínio da máfia em Nova York, resultando na queda de vários de seus líderes mais proeminentes. “A verdade é que a máfia não é mais o que era”, confirmou McDonald.
A Evolução do Crime Organizado nas Apostas Esportivas
A realidade atual, porém, demonstra que a máfia se adaptou, conforme ressaltado pelas recentes investigações do FBI, especialmente o caso de manipulação de jogos de pôquer. Drew Rolle, ex-chefe interino da seção de crimes organizados e gangues do Distrito Leste de Nova York, esclarece que “essas famílias continuaram a existir e migraram para atividades criminosas muito mais lucrativas e com muito menos riscos, em termos de anos de prisão que poderiam enfrentar”. Essa nova abordagem inclui fraudes de valores mobiliários, jogos de azar, apostas esportivas online – popularmente conhecidas como “bets” – e a orquestração de golpes telefônicos complexos e de grande envergadura.
Dados de 2022 já apontavam essa migração, quando as autoridades federais no Distrito Leste indiciaram nove membros das famílias criminosas Genovese e Bonnano. Os crimes incluíam extorsão, operações de jogos de azar ilegais, lavagem de dinheiro e outras ofensas graves. Mais recentemente, em dezembro de 2024, Carmelo Polito, um ex-capitão da família criminosa Genovese, foi sentenciado a 30 meses de reclusão por seu papel na gestão de uma casa de jogos clandestina e um sofisticado esquema ilegal de apostas online. A acusação divulgada em 23 de outubro apenas solidificou essa crescente lista de infrações.
Mecanismos de Trapaça e o Envolvimento de Figuras da NBA
As autoridades federais descreveram um plano elaboradamente construído, no qual os acusados teriam utilizado “tecnologia sofisticada e recrutaram jogadores atuais e ex-jogadores da NBA para roubar milhões de dólares de pessoas”. As chamadas “Cinco Famílias” da máfia, especificamente os Gambinos, Bonnanos e Genoveses, teriam participado do esquema. A comissária de polícia de Nova York, Jessica Tisch, salientou a tática intimidadora: “Quando as pessoas se recusavam a pagar porque foram enganadas, esses réus fizeram o que o crime organizado sempre fez: usaram ameaças, intimidação e violência.”
Desde 2019, as organizações criminosas estabeleceram jogos de pôquer ilegais, empregando uma série de dispositivos de trapaça. O esquema envolvia máquinas de embaralhar cartas adulteradas, manipulando o resultado dos baralhos, e um “analisador de fichas” que esquadrinhava as cartas de forma imperceptível por meio de câmeras ocultas. Em um elemento que evoca enredos de espionagem, os jogadores são acusados de usar lentes de contato ou óculos especiais que lhes permitiam visualizar cartas previamente marcadas, concedendo uma vantagem injusta e ilegal. Além disso, ex-atletas profissionais da NBA foram alistados como “cartas marcadas” para atrair jogadores incautos e sem suspeitas para os jogos armados.
Imagem: bbc.com
Figuras conhecidas do basquete profissional, como o técnico do Portland Trail Blazers, Chauncey Billups, e o ex-jogador da NBA Damon Jones, supostamente participaram dessa complexa farsa. As informações obtidas ilicitamente eram transmitidas a um cúmplice externo, que, por sua vez, as retransmitia a um participante sentado à mesa de pôquer. Os jogadores cúmplices no esquema trocavam sinais durante o jogo, garantindo o resultado desejado. Em resposta às acusações, Chris Heywood, advogado de Billups, afirmou em comunicado que seu cliente “jamais apostou ou apostaria em jogos de basquete, forneceria informações privilegiadas ou trairia a confiança de sua equipe e da liga [NBA]”. A NBA, por sua vez, agiu imediatamente, afastando Billups de seu cargo e declarando: “Encaramos essas alegações com a máxima seriedade, e a integridade do nosso jogo continua sendo nossa principal prioridade.”
A situação escalou com a prisão do jogador Terry Rozier, do Miami Heat, em conexão com um caso relacionado. James Trusty, seu advogado, refutou as acusações, defendendo que Rozier “não é um apostador, mas não tem medo de lutar e espera vencer essa batalha”. Essas revelações, com sua mistura de basquete de alto nível, tecnologia de trapaça e a sombra persistente da máfia, garantem que a saga continue a dominar os noticiários e discussões públicas por um longo tempo, reforçando a seriedade da ameaça que o crime organizado representa para a integridade do esporte e da sociedade.
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Este escândalo de apostas na NBA não só revela a capacidade da máfia de se reinventar, mas também sublinha a constante necessidade de vigilância contra a corrupção no esporte. Para aprofundar seu conhecimento sobre o impacto do crime organizado em diferentes setores, continue acompanhando nossa editoria de Análises.
Crédito, Getty Images
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