Marina Lacerda: Brasileira Se Identifica Pela Primeira Vez Como Vítima de Abuso de Jeffrey Epstein

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Uma revelação marcante veio à tona, jogando nova luz sobre o complexo e sombrio caso envolvendo Jeffrey Epstein, o bilionário americano condenado por crimes sexuais e encontrado morto em uma prisão dos Estados Unidos em 2019. Marina Lacerda, uma cidadã brasileira de 37 anos, decidiu quebrar o silêncio e apresentar-se publicamente como uma das vítimas de Epstein, detalhando sua história e as profundas implicações de sua experiência pela primeira vez.

A narrativa de Lacerda foi compartilhada em uma entrevista com a rede ABC News e, posteriormente, em uma coletiva de imprensa realizada na última quarta-feira, 3 de setembro. Seu depoimento chocante descreve o início dos abusos quando ela tinha apenas 14 anos, um período em que vivia em Nova York em condições financeiras precárias. A busca por um futuro melhor e a vulnerabilidade decorrente de sua situação econômica a tornaram um alvo para o esquema de Epstein.

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A Entrada na Rede de Jeffrey Epstein

A vida de Marina Lacerda tomou um rumo drástico quando ela, ainda uma adolescente, batalhava em três empregos simultaneamente para auxiliar no sustento de sua família em Nova York. Morando no bairro de Astoria, no distrito do Queens, a então jovem foi abordada por uma amiga que apresentou uma suposta oportunidade de trabalho fácil: ganhar US$ 300 por uma sessão de massagem. Este convite inicial, que parecia uma saída para a escassez financeira, a introduziu em uma intrincada rede de recrutamento de meninas.

Acreditando na promessa de que a proximidade com o influente bilionário poderia abrir portas para melhores oportunidades de vida, Marina começou a frequentar a mansão de Epstein na cidade. “Quando ele tem alguém novo em sua vida, ele gosta de ver muito essa pessoa. Então eu fui lá algumas vezes e isso levou a, infelizmente, ele me forçar a fazer sexo com ele”, revelou a brasileira em seu testemunho à ABC News. O que começou como uma expectativa de “trabalho dos sonhos” rapidamente se transformou, segundo suas palavras, “no pior pesadelo”. Durante esse período, ela chegou a abandonar os estudos, iludida pela perspectiva de ascensão que a relação com Epstein parecia oferecer, e recebeu, segundo seu próprio relato, “milhares de dólares” pelo que chamava de “trabalho”.

O relacionamento forçado perdurou por anos. Marina Lacerda detalhou a dinâmica opressora imposta por Epstein. “Com Jeffrey Epstein, começa em algum lugar, mas depois termina com você fazendo sexo com ele, goste ou não disso”, afirmou. O ciclo de abuso somente cessou quando a jovem completou aproximadamente 17 anos. Foi então que Jeffrey Epstein a dispensou, sob a alegação de que ela já estava “velha demais”, uma idade absurdamente jovem para ser considerada inadequada em qualquer contexto legítimo, evidenciando o padrão predatório de suas ações.

Primeiros Contatos com as Autoridades e o Silêncio Inicial

A identidade de Marina Lacerda permaneceu anônima por muitos anos em processos judiciais, onde ela era referida como “vítima menor número 1”. Sua colaboração com as autoridades americanas teve início muito antes de sua decisão de se expor publicamente. O primeiro contato do FBI (a polícia federal americana) com Marina Lacerda ocorreu em 2008.

Naquela ocasião, a agência investigativa procurou-a em sua residência para coletar informações a respeito de Jeffrey Epstein. Lacerda, que na época morava com colegas de idade semelhante, 17 ou 18 anos, relatou o temor e a confusão que a acometeram. Em um momento de pânico e por falta de informações adequadas sobre seus direitos e opções, sua primeira reação foi tentar contato com o próprio Epstein. Ele, por sua vez, providenciou um advogado para ela, o que, de acordo com o relato de Marina, encerrou a comunicação sobre o assunto com as autoridades naquele momento.

Apesar da dor e do trauma, Lacerda não teve a oportunidade de dar seu depoimento completo ou expressar sua história em 2008, o que gerou um profundo arrependimento. Ela expressou sua convicção de que, se tivesse falado abertamente naquela época, a trajetória de outras vítimas poderia ter sido diferente. “Eu teria me sentido muito melhor hoje se eu pudesse ter falado em 2008. Se tivessem me dado a chance de falar, essas mulheres não teriam passado por isso”, desabafou à ABC News, aludindo às inúmeras outras pessoas que também foram exploradas pelo bilionário nos anos seguintes.

A Decisão de Romper o Silêncio e a Luta por Transparência

O FBI retomou contato com Marina Lacerda em 2019, período em que Epstein foi novamente detido. Dessa vez, a brasileira decidiu falar, proporcionando um relato detalhado sobre os abusos sofridos. Essa segunda oportunidade marcou um ponto de virada significativo, culminando na decisão de revelar sua identidade publicamente.

Juntamente com outras oito mulheres que também se identificam como vítimas de Jeffrey Epstein, Marina Lacerda participou de uma emocionante coletiva de imprensa em Washington D.C., em frente ao Congresso americano. O ato público não apenas expôs suas histórias de forma contundente, mas também serviu como uma poderosa plataforma para exigir total transparência no caso. O grupo clamou pela revelação irrestrita de todos os documentos e arquivos relacionados às atividades de Epstein e seus cúmplices. Lacerda, visivelmente emocionada, enfatizou que essa busca por justiça e verdade se estende além das vítimas, sendo uma questão de interesse público para toda a população americana.

A coragem de Marina Lacerda foi evidente em cada palavra. Ela contou que compartilhar sua experiência de violência com a própria filha, ainda muito pequena e “ingênua”, foi um passo doloroso, mas necessário. A resposta de sua filha, um singelo “mãe, você é casca-grossa”, reforçou sua resiliência e a motivação para lutar por outras. A brasileira afirmou ter conhecimento pessoal de dezenas de outras mulheres que foram violentadas pelo bilionário, demonstrando a magnitude da rede de exploração.

O Contexto Político e as Investigações em Andamento

O caso de Jeffrey Epstein continua a reverberar no cenário político dos Estados Unidos, com repercussões significativas e pressão por responsabilização. No evento em Washington, Lisa Phillips, uma das acusadoras, revelou que o grupo de vítimas iniciou a compilação de uma lista confidencial de indivíduos supostamente ligados a Epstein e envolvidos nos abusos, prometendo uma investigação mais aprofundada das conexões do bilionário.

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, cujo nome foi associado a Epstein devido a laços de amizade anteriores, tem sido constantemente pressionado, inclusive por sua própria base eleitoral, a oferecer mais clareza sobre sua relação com o bilionário e a garantir total transparência governamental no caso. Trump afirmou que seu vínculo com Epstein se desfez no início dos anos 2000, e em declarações públicas, qualificou as investigações e a repercussão do caso como uma “farsa democrata que nunca acaba”. Ele expressou frustração com a insatisfação constante, alegando que “ninguém nunca está satisfeito” com os documentos já divulgados.

É importante notar que, durante uma entrevista com vítimas transmitida pela NBC na terça-feira anterior à coletiva de Marina Lacerda, nenhuma das mulheres entrevistadas afirmou ter presenciado qualquer conduta inadequada de Donald Trump em relação a Epstein. Da mesma forma, elas declararam não terem testemunhado qualquer comportamento impróprio por parte do ex-presidente Bill Clinton, cujas viagens com Epstein também têm sido objeto de escrutínio no Congresso americano.

Na mesma terça-feira, a Comissão de Supervisão da Câmara dos Representantes dos EUA tornou públicos 33.000 páginas e diversos vídeos relacionados ao caso Epstein. No entanto, foi amplamente apontado que a maior parte desse material já era de conhecimento público, gerando discussões sobre a verdadeira extensão da nova revelação e a real efetividade dessas divulgações para trazer uma resolução definitiva ao caso ou novas informações. A busca por respostas completas e justiça para as vítimas persiste, impulsionada agora por vozes corajosas como a de Marina Lacerda.

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Marina Lacerda, ao compartilhar sua história publicamente e de forma explícita, contribui para desvendar as complexidades dos abusos sofridos pelas vítimas de Jeffrey Epstein e reacende a urgência em revelar todas as facetas de um caso que chocou o mundo. A exigência de transparência e a identificação de outros envolvidos permanecem como pautas centrais para a conclusão da justiça neste sombrio capítulo.

Fonte: BBC News Brasil

Marina Lacerda: Brasileira Se Identifica Pela Primeira Vez Como Vítima de Abuso de Jeffrey Epstein - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com


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