Nova Definição Febre em Crianças: SBP Atualiza Limite

noticias
Artigos Relacionados

📚 Continue Lendo

Mais artigos do nosso blog

A nova definição de febre em crianças foi estabelecida pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que agora considera a marca de 37,5C como o novo patamar para indicar um quadro febril em ambientes ambulatoriais ou domiciliares. Anteriormente, a temperatura de 37,8C era o referencial. Essa alteração, publicada no documento científico intitulado “Abordagem da Febre Aguda em Pediatria e Reflexões sobre a febre nas arboviroses” neste ano, alinha-se a parâmetros já adotados em pesquisas internacionais, reforçando a atualização dos protocolos clínicos no Brasil. É crucial observar que a aferição axilar é o método preferencial para essa medida inicial, enquanto 38C ou mais, se verificada por via oral ou retal (mantendo o termômetro por três minutos), também é um indicativo.

Esta mudança na diretriz não é isolada, mas sim parte de um entendimento mais amplo sobre o mecanismo da febre. O documento da SBP explica que a avaliação de uma criança febril deve ir além da simples leitura de um termômetro. O estado geral da criança, seu comportamento e outros sintomas são fundamentais para uma análise completa e precisa do quadro. Este enfoque evita tratamentos desnecessários e auxilia os pais a compreenderem melhor os sinais que o corpo de seus filhos apresenta, promovendo uma abordagem mais consciente e menos ansiosa frente à elevação da temperatura.

Nova Definição Febre em Crianças: SBP Atualiza Limite

A razão fundamental para a evolução dos critérios está no reconhecimento de que a temperatura corporal varia naturalmente ao longo do dia, e a febre isolada não é o único determinante de uma enfermidade grave em pacientes pediátricos. Segundo as informações divulgadas pela SBP, uma mesma criança pode apresentar oscilações de até 1C entre a manhã e a tarde. Essa variação fisiológica sublinha a importância de não focar exclusivamente em um número, mas sim em um panorama completo dos sintomas apresentados pelo paciente. Assim, o aumento da temperatura deixa de ser visto apenas como um problema e passa a ser compreendido como um sinal complexo do corpo.

Profissionais da área pediátrica corroboram essa visão. Dr. Alexandre Nikolay, que atua como coordenador do departamento de emergência pediátrica no Hospital Santa Lúcia Sul, em Brasília, ressalta que “o aumento da temperatura corporal não é a doença em si, mas uma forma de defesa natural que avisa que o corpo está lutando contra alguma infecção ou problema”. Essa perspectiva conceitual reposiciona a febre como um mecanismo fisiológico crucial, uma resposta adaptativa do organismo ao invadir ou ao disfuncionamento, permitindo que o corpo se organize para combater patógenos de forma eficaz.

Para a medição, a Sociedade Brasileira de Pediatria aconselha o uso de termômetro digital na axila, especialmente para lactentes e crianças menores, por sua precisão e facilidade de uso doméstico. Métodos infravermelhos, por outro lado, são indicados apenas para serem manuseados por profissionais de saúde qualificados. A meta principal desta reorientação também é combater a denominada “febrefobia”, a qual se caracteriza por uma apreensão excessiva por parte dos cuidadores frente à elevação da temperatura de seus filhos, frequentemente resultando em consultas e procedimentos médicos que, na realidade, não seriam necessários. Por isso, a recomendação enfática é de que, embora a temperatura de 37,5C (axilar) seja um marcador, a avaliação do estado geral da criança seja o critério decisivo antes de medicar ou procurar atendimento profissional. Este paradigma incentiva uma maior observação dos pais e cuidadores, conferindo-lhes ferramentas para tomar decisões mais informadas e menos impulsivas, visando o bem-estar da criança.

É importante diferenciar elevações de temperatura causadas pela febre daquelas atribuídas à hipertermia. No contexto da febre, o cérebro da criança — em particular, o centro termorregulador localizado no hipotálamo — ajusta o ponto de equilíbrio térmico interno do corpo. Esse ajuste induz o aumento da temperatura de maneira controlada, servindo como uma estratégia inata do organismo para enfrentar vírus, bactérias e outros invasores. É, em essência, uma resposta biológica coordenada que visa otimizar as condições internas para combater a ameaça.

Em contrapartida, a hipertermia se manifesta quando o aumento da temperatura corporal não resulta de uma reconfiguração do ponto de equilíbrio termostático central. Nesse cenário, o calor se acumula no organismo devido a fatores externos (como exposição excessiva ao sol) ou à produção interna excessiva de calor (por exemplo, após atividade física vigorosa), sem que o corpo consiga dissipá-lo eficientemente. Crianças pequenas, devido ao sistema de regulação térmica ainda em fase de desenvolvimento e imaturidade, são particularmente vulneráveis a esse tipo de elevação descontrolada da temperatura, exigindo maior atenção e cuidados específicos para evitar complicações decorrentes do superaquecimento.

Em certas circunstâncias, um aumento moderado da temperatura pode inclusive ter benefícios, pois contribui para acelerar diversas reações metabólicas e potencializa a resposta do sistema imunológico. Entretanto, é vital reconhecer que, quando a febre ultrapassa o limiar de 39,5C, o excesso de calor pode começar a interferir negativamente na atividade de enzimas e em outros processos corporais cruciais. Dessa forma, episódios de febre muito alta merecem uma vigilância e um acompanhamento mais cuidadosos, a fim de mitigar riscos e assegurar a integridade da saúde da criança.

Nova Definição Febre em Crianças: SBP Atualiza Limite - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

Ao se deparar com uma criança febril, a prioridade primordial recai na observação detalhada de seu estado geral. É imprescindível verificar se ela se mantém alerta, reativa a estímulos, com hidratação adequada e um padrão respiratório regular. A avaliação da frequência cardíaca, frequência respiratória e do tempo de enchimento capilar também são indicativos vitais sobre a eficácia da circulação sanguínea. Nesses casos, onde a fonte da infecção não é evidente – um quadro conhecido como febre sem sinais de localização – os médicos utilizam uma série de critérios clínicos bem estabelecidos para avaliar o risco de uma infecção bacteriana grave, definindo assim a necessidade de exames complementares ou internação hospitalar para um diagnóstico e tratamento precisos. Para mais informações sobre pediatria e saúde infantil, a Sociedade Brasileira de Pediatria oferece diversas publicações e diretrizes.

O pediatra Alexandre Nikolay reforça que, na grande maioria das situações, a febre é um processo benigno e que tende a resolver-se espontaneamente. No entanto, ele enfatiza a importância de uma avaliação minuciosa para identificar rapidamente aqueles quadros que, apesar de menos frequentes, requerem atenção médica imediata. O Dr. Nikolay alerta: “O comportamento da criança muitas vezes fala mais do que o número no termômetro. Uma criança prostrada, com dificuldade para respirar ou sinais de desidratação precisa ser vista rapidamente.” Esse depoimento destaca a importância de os pais confiarem nos seus instintos e buscarem ajuda quando o bem-estar geral da criança está comprometido, independentemente do valor exato no termômetro.

De acordo com as recomendações emitidas pela SBP, os pais e responsáveis devem procurar atendimento médico com urgência em diversas circunstâncias específicas. Isso inclui quando a criança é muito jovem, com menos de 3 meses de vida, ou quando a febre se mostra persistente ou excede a marca de 39,5°C. É igualmente crítico buscar ajuda profissional caso a criança apresente alterações significativas no estado geral, como sonolência excessiva, convulsões, dificuldade para respirar ou, ainda, se possuir doenças crônicas pré-existentes, imunossupressão ou sinais de desnutrição. Nestas situações, a intervenção rápida de um profissional de saúde é fundamental para prevenir complicações e garantir o cuidado adequado.

Quanto à administração de antitérmicos, como paracetamol, dipirona e ibuprofeno, a recomendação é que sejam utilizados quando há evidências claras de desconforto na criança, tais como irritabilidade manifesta, choro intenso e inconsolável, redução do apetite ou distúrbios que afetem seu sono. No caso de lactentes com menos de um mês de idade, o paracetamol emerge como a única opção antitérmica indicada, com a dosagem estritamente ajustada à idade gestacional para garantir segurança e eficácia. Esta precaução visa minimizar riscos e efeitos adversos em recém-nascidos, que possuem um metabolismo diferenciado. Além disso, a SBP desaconselha a alternância de antitérmicos, visto que estudos recentes demonstram que tal prática pode aumentar o risco de superdosagem sem, contudo, aprimorar os resultados terapêuticos. A ênfase é, portanto, em uma abordagem ponderada, que prioriza a segurança e a resposta individual da criança ao medicamento.

Os protocolos médicos mais recentes tendem a valorizar uma avaliação minuciosa da criança febril em detrimento de uma simples obsessão pelos graus exatos registrados no termômetro. Essa mudança estratégica não só contribui significativamente para aliviar a ansiedade familiar, mas também para diminuir a incidência de consultas desnecessárias e o uso inadequado de medicamentos, um desafio comum na prática pediátrica. Ao adotar essa visão holística, preserva-se a função protetora natural do organismo, reconhecendo que a febre, muitas vezes, é um aliado no processo de recuperação e não um inimigo a ser combatido a qualquer custo.

Confira também: crédito imobiliário

Em síntese, a atualização das diretrizes da SBP sobre a definição de febre em crianças, reduzindo o limiar de 37,8C para 37,5C (axilar), representa um avanço importante na medicina pediátrica brasileira, alinhando-a a padrões internacionais. Mais do que uma mera alteração numérica, esta nova perspectiva incentiva uma avaliação global do bem-estar da criança e busca mitigar a “febrefobia” dos pais, evitando intervenções desnecessárias. Compreender a febre como um sinal fisiológico e saber discernir os momentos de urgência médica são pilares fundamentais. Para continuar se informando sobre saúde e outras notícias relevantes, explore os conteúdos da nossa editoria de Horas de Começar, sempre com informações apuradas e originais.

Crédito, Getty Images


Links Externos

🔗 Links Úteis

Recursos externos recomendados

Deixe um comentário