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Peloton inicia uma nova era no mercado de fitness conectado, revelando uma atualização completa de seus equipamentos e a integração de inteligência artificial (IA) em sua plataforma. Esta estratégia audaciosa visa revigorar a empresa, que busca redefinir a experiência de treinamento doméstico com produtos inovadores e recursos tecnológicos avançados. A linha renovada, batizada de Cross Training Series, promete consolidar o posicionamento da marca como líder em inovação, unindo força e cardio em uma única solução abrangente.
Desde o ressurgimento da vida social pós-pandemia, a Peloton tem enfrentado desafios para manter o ímpeto alcançado durante o isolamento. A empresa respondeu com reestruturações significativas, incluindo demissões, um foco renovado em assinaturas e mudanças na liderança. Agora, com a introdução de novos modelos para o Bike, Bike Plus, Tread, Tread Plus e Row Plus, a empresa sinaliza uma ofensiva para cativar sua base de usuários fiéis e atrair novos adeptos, marcando um ponto de virada estratégico no seu percurso.
Peloton Renova Hardware e Apresenta IA para Nova Era
A filosofia central por trás da nova linha Cross Training Series, conforme expressou Nick Caldwell, diretor de produtos da Peloton, é proporcionar aos usuários “um único local para realizar todos os exercícios de força e cardio”. Esta conveniência é facilitada pela inovação de displays giratórios, que antes eram exclusividade do Bike Plus original. Agora, essa funcionalidade é estendida a todos os aparelhos, permitindo que a tela gire 360 graus. Tal característica transforma os equipamentos Peloton em estações de treino versáteis, que não se limitam apenas a atividades cardiovasculares, mas também possibilitam exercícios de força e outros tipos de modalidades ao lado de corrida, ciclismo ou remo, otimizando o espaço em ambientes menores. Os aparelhos também trazem melhorias significativas, incluindo áudio aprimorado, processadores mais modernos e conectividade Bluetooth e Wi-Fi superior. Além disso, os modelos Bike e Bike Plus contarão com um novo assento mais confortável, uma solicitação que Caldwell afirma ter sido recorrente na comunidade Peloton.
Os modelos “Plus” da nova série de hardware elevam a experiência do usuário com um conjunto de atualizações ainda mais sofisticadas. Esses equipamentos vêm equipados com uma câmera de rastreamento de movimento, que oferece feedback em tempo real sobre a forma dos exercícios, acompanha o número de repetições e sugere pesos adequados para otimizar o treino. A qualidade sonora também recebeu um aprimoramento notável, com a inclusão de um woofer nos alto-falantes para garantir graves mais profundos durante as aulas, uma melhoria que contou com a parceria da Sonos para especificar e ajustar as configurações de áudio. Além disso, os aparelhos Plus integrarão um comando de voz “Ok Peloton”, permitindo aos membros pausar as aulas ou pular movimentos com facilidade. Especificamente para o Bike Plus, foi adicionada uma bandeja dedicada para telefone, fixada diretamente ao guidão, facilitando o acesso ao dispositivo durante o treino.
Essas características dos modelos “Plus” refletem uma integração do conceito do Peloton Guide – uma câmera de treino de força menos conhecida da marca – diretamente nos aparelhos. Nick Caldwell confirmou que essa fusão responde ao feedback dos usuários, que apreciaram a eficácia do Guide, mas buscavam uma solução mais integrada para evitar a necessidade de conectar a câmera a uma TV separadamente. A empresa também refinou os recursos inicialmente apresentados no Guide. Os novos modelos “Plus” agora oferecem feedback de forma para uma gama mais ampla de exercícios, e a câmera foi aprimorada para maior precisão. A capacidade de armazenamento dos dispositivos também foi expandida, permitindo a execução de modelos de visão computacional mais complexos e eficientes, consolidando uma experiência de treino inteligente e assistida.
Naturalmente, toda essa tecnologia e os upgrades incorporados têm um custo. A Peloton revelou que os dois modelos de bicicletas são os mais acessíveis, com o modelo base do Bike saindo por $1.695 e o Bike Plus por $2.695. Os demais equipamentos apresentam preços mais elevados: o Row Plus custará $3.495, enquanto o Tread regular terá o valor de $3.295. O modelo de ponta, o Tread Plus, é o mais caro da linha, chegando a $6.695. Durante um evento de lançamento em Nova York, o CEO Peter Stern também anunciou um aumento na assinatura mensal da Peloton, que passará de $44 para $49. Apesar dos preços consideráveis, os fãs leais da Peloton frequentemente destacam a qualidade do hardware como um dos principais motivos de sua afinidade com a plataforma, demonstrando a percepção de valor intrínseca aos produtos.
A Peloton, entretanto, não deposita todas as suas esperanças apenas na renovação do hardware. Peter Stern, CEO da empresa, declarou durante a teleconferência de resultados do terceiro trimestre que a IA tem o potencial de conferir “superpoderes aos humanos”. Agora, a empresa materializa essa visão com o lançamento do Peloton IQ, um recurso alimentado por inteligência artificial que será implementado em todo o portfólio da marca, abrangendo tanto as máquinas antigas quanto as novas. Essa iniciativa marca um investimento significativo em tecnologia que transcende o simples aprimoramento físico dos equipamentos, focando na otimização da experiência de treinamento por meio de dados e personalização.
A funcionalidade mais chamativa do Peloton IQ, especialmente nas novas máquinas “Plus”, reside nos treinos de força. Graças à câmera integrada, o Peloton IQ fornece feedback e correção de forma em tempo real. Durante uma demonstração, observou-se um funcionário da Peloton utilizando uma postura inadequada em levantamentos de halteres acima da cabeça; imediatamente, uma dica surgia para evitar o balanço do corpo. Após várias repetições incorretas, a IA recomendava ao funcionário tentar um peso mais leve. De forma análoga, quando alguns levantamentos foram executados muito rapidamente, o sistema sugeria a utilização de pesos mais pesados. Essa capacidade de monitoramento e orientação preditiva mostra um avanço significativo, reminiscentes do Guide, mas com uma sofisticação maior, dado que a IA agora não só detecta, mas também aconselha sobre como corrigir posturas e intensidades.
Uma melhoria crucial em relação ao Guide anterior é a capacidade do Peloton IQ de oferecer dicas específicas para corrigir a forma, algo que era uma queixa recorrente dos usuários. Além disso, se o usuário não conseguir olhar para a tela, como em uma posição de prancha, o sistema pode fornecer orientações de áudio. Esses recursos específicos, que dependem das máquinas Peloton com a nova câmera, estarão disponíveis no lançamento para 2.000 aulas e 50 programas compatíveis, indicando uma implementação robusta da tecnologia. A Peloton assegura a privacidade dos usuários, permitindo que a câmera seja aberta ou fechada manualmente, embora seja essencial para a funcionalidade de feedback de forma, acompanhamento de repetições e sugestão de pesos, que são características-chave do sistema.

Imagem: Victoria SongCloseVictoria SongSenior Re via theverge.com
De forma mais abrangente, o Peloton IQ vai além do feedback em tempo real durante os exercícios. O sistema utiliza o histórico de treinos, o desempenho em aulas e até mesmo dados de dispositivos wearables de terceiros, como Apple Health, Garmin Connect ou Fitbit, para os quais os usuários concedam acesso. Com base nesses dados, os membros podem definir metas específicas, como aumentar a força ou perder peso. A IA então gera uma programação semanal de treinos, diversificada em tipos de exercícios, níveis de experiência, duração e frequência. Ao navegar pelas aulas, o Peloton IQ também informa se uma determinada classe pode ser mais desafiadora do que o habitual para o usuário ou oferece recomendações e modificações adaptadas aos objetivos com base no desempenho da semana. Além disso, há a opção de o Peloton IQ gerar treinos fora das aulas, permitindo que os usuários tenham um programa mais personalizado e no seu próprio ritmo, promovendo maior flexibilidade e engajamento com a plataforma.
Em relação às preocupações sobre a eficácia das características de IA no mercado de fitness atual, Nick Caldwell explicou o rigoroso processo da Peloton. “Quando cheguei à Peloton e observei, disse: ‘Ei, se vamos fazer IA, vamos contratar uma equipe de IA de verdade’”, revelou Caldwell. Ele destacou que, embora tecnologias como ChatGPT e Llama integrem a composição do Peloton IQ, o sistema é fundamentalmente treinado com anos de dados das aulas da Peloton e com a valiosa contribuição dos instrutores da empresa. De fato, a contratação de uma equipe interna de IA foi um passo crucial na criação do produto. Caldwell enfatiza que o objetivo não é simplesmente repetir informações já conhecidas pelos usuários, mas sim ir além. “Não é apenas que estamos atualizando seu plano e trocando aulas. Estamos analisando sua atividade e tentando te ensinar algo sobre você mesmo ao mesmo tempo, da mesma forma que um treinador faria”, afirmou, sublinhando a ambição de proporcionar insights personalizados e realmente úteis para a jornada fitness de cada indivíduo.
Testes do Peloton IQ demonstraram a capacidade da IA de fornecer informações valiosas e surpreendentemente precisas. Em um cenário hipotético, a ferramenta notou que um usuário havia mantido o mesmo peso em levantamentos de peito por duas semanas e sugeriu aumentar o peso ou as repetições no próximo treino – um conselho prático e sólido. Na mesma tela, a IA recomendava a inclusão de uma sessão de yoga de 20 minutos no meio da semana, visando melhor preparação para os treinos de força agendados. Este é o tipo de insight acionável que as empresas de tecnologia fitness frequentemente prometem ao adicionar recursos de IA. Contudo, a verdadeira eficácia do Peloton IQ ainda será testada na prática, fora do ambiente controlado das demonstrações. A expectativa é que o sistema realmente ajude os usuários a otimizar seus treinos e a atingir suas metas de forma mais inteligente e personalizada.
Para complementar os avanços tecnológicos, a Peloton anuncia um investimento significativo na área de bem-estar por meio de novas parcerias com terceiros. Uma dessas colaborações é com o Hospital for Special Surgery (HSS), um renomado hospital ortopédico, para o desenvolvimento de uma coleção de treinos focados na prevenção de lesões comuns, como a “condromalácia patelar” (joelho de corredor) e a “epicondilite lateral” (cotovelo de tenista). A empresa também estabeleceu uma parceria com a Respin, plataforma de bem-estar de Halle Berry, que foca em menopausa e perimenopausa, para criar um programa de oito semanas que visa aliviar os sintomas associados a essas condições. Adicionalmente, a Peloton adquiriu o Breathwrk, um aplicativo especializado em exercícios respiratórios, e tornará o conteúdo do app disponível para seus membros, expandindo sua oferta de serviços de bem-estar para além do exercício físico intenso, englobando a saúde integral.
É incerto se estas inovações serão suficientes para a Peloton superar seus recentes desafios. Por um lado, a empresa conta com uma base de fãs inabalavelmente leal, e muitas das atualizações representam respostas diretas a pedidos da comunidade. Por outro lado, o valor de $6.695 por um Tread Plus com IA, embora seja considerado a “Ferrari” dos equipamentos de fitness conectado, é um preço substancial. Além disso, as funcionalidades de IA em saúde e fitness ainda precisam provar sua eficácia de forma consistente no mercado. No entanto, uma coisa é clara: a Peloton está novamente apostando alto em si mesma e em seu hardware para forjar uma nova trajetória, consolidando a estratégia de inovação e recuperação que pretende imprimir para os próximos anos.
Esta ousada aposta da Peloton em hardware e inteligência artificial visa não apenas reverter sua sorte no mercado de fitness conectado, mas também estabelecer um novo padrão para o futuro do treinamento doméstico, um tema de grande interesse para a editoria de Economia do Valor Trabalhista. Acompanhe nossas análises e notícias para saber mais sobre as tendências e impactos no mundo corporativo e da inovação.
Photography by Victoria Song / The Verge
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