Peru: Destituição de Dina Boluarte Gera Repercussão

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A destituição da presidente Dina Boluarte pelo Congresso do Peru foi aprovada na madrugada da última sexta-feira, dia 10 de outubro de 2025, marcando um ponto crítico na já turbulenta política nacional e acirrando debates sobre a capacidade governamental em conter a crescente violência no país. O movimento parlamentar ocorreu após a recusa da chefe de Estado em comparecer para sua defesa, alegando inconstitucionalidade do processo que culminou em seu afastamento unânime do mais alto cargo do Poder Executivo.

A sessão decisiva no Congresso peruano prosseguiu mesmo sem a presença da então presidente. Boluarte havia sido convocada pelos parlamentares para se defender das acusações que motivaram a moção de vacância, mas seus advogados, liderados por Juan Carlos Portugal, declararam a impossibilidade de validar um procedimento que consideravam uma “violação de qualquer protocolo”. Após aguardar por vinte minutos e confirmar a ausência da presidente, os parlamentares procederam à votação, fundamentados na conclusão de que os debates do dia anterior haviam esgotado os argumentos. A decisão final pela destituição foi avassaladora: 118 votos a favor, nenhum contra e nenhuma abstenção, demonstrando a unanimidade na percepção de sua “incapacidade moral permanente”.

Peru: Destituição de Dina Boluarte Gera Repercussão

Este afastamento de Boluarte ocorre em um cenário de intensificação da violência urbana e da criminalidade organizada no Peru. Gangues de extorsionários têm proliferado, gerando medo e insegurança na população, evidenciada por recentes ataques públicos. A tensão atingiu um novo patamar após um atentado a tiros contra uma popular banda musical durante um show, que chamou a atenção nacional e intensificou a pressão sobre o governo para apresentar respostas concretas.

Com a vacância do cargo de presidente, a sucessão constitucional foi acionada. José Jerí, então chefe do Congresso, assumiu imediatamente a liderança do país por direito. Em seu discurso de posse, Jerí prometeu um governo focado na reconciliação nacional e declarou explicitamente “guerra ao crime”, visando diretamente às quadrilhas de rua que aterrorizam os cidadãos peruanos. Sua gestão tem como prazo as próximas eleições presidenciais, programadas para abril de 2026, com a posse oficial do novo presidente eleito marcada para 28 de julho do mesmo ano. A ascensão de Jerí ocorre após uma moção de censura contra a mesa diretiva que ele presidia ter sido rejeitada, consolidando sua posição para a transição.

A iniciativa para a destituição de Dina Boluarte foi de fato um processo relâmpago, desencadeado por uma série de quatro moções de vacância, todas baseadas na acusação de “incapacidade moral permanente” da presidente. Estas propostas, impulsionadas por diferentes bancadas no parlamento, ganharam força rapidamente com o apoio massivo de partidos de direita e até mesmo do fujimorismo, grupo político que havia previamente oferecido suporte a Boluarte em outras ocasiões. O processo teve início na manhã da quinta-feira, 9 de outubro de 2025, liderado pela bancada Renovação Popular (Renovación Popular), cujo principal expoente é o ultraconservador Rafael López Aliaga, conhecido popularmente como “Porky” e atual prefeito de Lima.

As moções de vacância foram protocoladas no auge de uma grave crise de segurança pública no país andino. Apenas um dia antes da apresentação das moções, em 8 de outubro de 2025, o atentado contra a popular banda de cúmbia Agua Marina, em Chorrillos, Lima, chocou a nação. O ataque ocorreu durante um show realizado em um recinto militar, onde quatro integrantes da banda foram alvejados por tiros no tórax e na perna, resultando em ferimentos. Este evento brutal exacerbou a indignação pública e intensificou os apelos de diversas forças políticas para que o governo de Boluarte agisse com mais firmeza contra a impunidade com que as quadrilhas de extorsão operam no Peru. Propostas anteriores de destituição já haviam sido apresentadas, mas foram derrotadas graças à base de apoio conservadora e a alguns aliados de esquerda da presidente. No entanto, desta vez, siglas influentes como o Força Popular (Fuerza Popular), liderado pela ex-candidata presidencial Keiko Fujimori, e o próprio Renovação Popular de López Aliaga, uniram forças de maneira decisiva, resultando no amplo consenso para o afastamento parlamentar.

Ambos os líderes políticos, Keiko Fujimori e Rafael López Aliaga, são frequentemente apontados como possíveis candidatos para as eleições presidenciais de 2026, e suas pesquisas de opinião os colocam em posições de destaque. Durante o intenso debate que antecedeu a votação para o impeachment, a deputada conservadora Norma Yarrow expressou a insatisfação geral com a administração presidencial: “A extorsão e a criminalidade cresceram, mas ela [a presidente] continua vivendo em uma fantasia. Essa presidente merece ser destituída, merece ser punida”, ilustrando o sentimento generalizado de descontentamento com a gestão de Boluarte diante da escalada da crise de segurança. A complexidade e a volatilidade do cenário político peruano, caracterizadas por frequentes crises institucionais, frequentemente levam a impasses, e a incapacidade de resolver a escalada da violência se tornou o fator determinante para o desfecho atual.

A então presidente Dina Boluarte assumiu o cargo em 7 de dezembro de 2022, sucedendo Pedro Castillo, que foi destituído e preso sob a grave acusação de tentativa de golpe de Estado. A instabilidade política é, lamentavelmente, uma marca recente do Peru; desde 2018, o país teve a impressionante marca de seis presidentes, todos eles afastados de seus cargos ou renunciantes antes do término de seus mandatos. Adicionalmente, três ex-mandatários estão atualmente detidos, envolvidos em diversos escândalos de corrupção ou abuso de poder, sublinhando a persistente fragilidade institucional da nação andina. Esta é uma tendência preocupante para a política latino-americana como um todo, onde crises institucionais de alta gravidade parecem se tornar recorrentes, impactando a governabilidade e a confiança pública.

Peru: Destituição de Dina Boluarte Gera Repercussão - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

Ataque ao Grupo Musical Agua Marina Agrava a Crise Política

O atentado violento contra a banda Agua Marina, ocorrido na noite de quarta-feira, 8 de outubro de 2025, foi um evento crucial que catalisou a crise de segurança e, consequentemente, impulsionou o movimento pela destituição da presidente Dina Boluarte. O show, que contava com a participação de diversas bandas e artistas no Círculo Militar de Chorrillos, em Lima, foi abruptamente interrompido por uma saraivada de tiros enquanto os músicos se apresentavam no palco. Testemunhas descreveram à imprensa peruana que, inicialmente, muitos na plateia confundiram o barulho dos disparos com um curto-circuito, gerando momentos de intensa confusão antes da constatação da verdadeira e grave situação. Vídeos divulgados nas redes sociais registraram momentos de pânico, com músicos feridos sendo socorridos no palco e o público buscando abrigo no chão antes de tentar desesperadamente deixar o local.

As investigações iniciais conduzidas pela Polícia Nacional do Peru, sob a coordenação do general Felipe Monroy, apontam que o ataque foi realizado por dois indivíduos em uma motocicleta. Eles teriam efetuado os disparos em movimento, do lado de fora do recinto do show. Foram recolhidas 27 cápsulas, supostamente de pistola calibre 9 mm Parabellum, no local do incidente, reforçando a natureza do ataque. Ricardo Villarán, médico do Hospital Nacional Guillermo Almenara, confirmou à mídia que César More e Wilson Ruiz, ambos integrantes da banda, foram internados devido aos ferimentos, mas encontravam-se em condição estável, sem risco de morte. Outro ferido leve, um homem de 50 anos, foi atendido no Hospital de Emergências Casimiro Ulloa e posteriormente liberado. Este incidente ressaltou de forma brutal a vulnerabilidade da população e dos eventos culturais à violência implacável das gangues criminosas.

Em resposta ao chocante atentado, a polícia anunciou publicamente o reforço da segurança para as famílias dos músicos atacados e o lançamento do “Plano Cerco”, uma operação especial em Lima com o objetivo de identificar, localizar e prender os responsáveis pelo ataque. Embora os motivos exatos ainda dependam das investigações em curso, a forte indicação é que o grupo musical foi vítima de quadrilhas criminosas especializadas em extorsão, que se multiplicaram significativamente no Peru nos últimos anos, atingindo diversos setores da sociedade. A extorsão, seja contra empresas, pequenos negócios ou mesmo artistas renomados, tornou-se um dos temas mais frequentes nas conversas cotidianas entre os peruanos e uma das maiores preocupações dos cidadãos, conforme indicam recentes pesquisas de opinião pública. Este ambiente de insegurança generalizada, que a gestão Boluarte não conseguiu conter eficazmente, pavimentou o caminho para a sua **destituição** do cargo.

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Em síntese, a destituição da presidente Dina Boluarte marca mais um capítulo de profunda instabilidade política no Peru, catalisada pela escalada da criminalidade organizada e pela insatisfação generalizada da população com a ineficácia governamental. A ascensão de José Jerí ao poder representa uma tentativa de restaurar a ordem e a segurança no país, prometendo combater veementemente o crime até as eleições de 2026. Acompanhe nossas atualizações sobre os desdobramentos da política latino-americana e outras notícias relevantes, explorando a editoria de Política para análises aprofundadas e artigos contextuais.

Crédito, AFP via Getty Images


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