Philippe Aghion: Nobel de Economia 2025 e Destruição Criativa

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O renomado economista Philippe Aghion foi agraciado com o Prêmio Nobel de Economia 2025, uma notícia que o pegou de surpresa em sua residência, em 13 de outubro, uma segunda-feira, às 10h30 da manhã. O acadêmico francês, professor do Collège de France e do INSEAD na França, e da London School of Economics and Political Science no Reino Unido, expressou seu inesperado recebimento do prestigioso prêmio à BBC News Mundo.

Aghion compartilha a honraria com Peter Howitt e Joel Mokyr. A Real Academia de Ciências da Suécia destacou a pesquisa da dupla Aghion-Howitt como um reconhecimento fundamental para a “teoria do crescimento sustentado por meio da destruição criativa”, um conceito inicialmente delineado pelo economista Joseph Schumpeter em 1942, mas que muitos ainda desconhecem sua relevância e aplicação contemporânea.

Philippe Aghion: Nobel de Economia 2025 e Destruição Criativa

A “destruição criativa” é, em essência, um processo dinâmico no qual a inovação desarma e reconstrói as estruturas econômicas estabelecidas, abrindo caminhos para o surgimento de novas indústrias e oportunidades. A Academia sueca sublinha que o planeta testemunhou um desenvolvimento econômico sem paralelos nos últimos dois séculos, impulsionado por um fluxo contínuo de inovações tecnológicas. Esse fenômeno é o alicerce do crescimento econômico persistente, onde inovações recentes superam e substituem as antigas, encapsulando o conceito de destruição criativa.

A Revolução Industrial e o Início do Crescimento Contínuo

Historicamente, os níveis econômicos individuais permaneceram relativamente estáticos entre gerações, apesar de eventuais avanços tecnológicos. O crescimento, antes, tendia à estagnação ao longo do tempo. Esta dinâmica foi radicalmente alterada pela Revolução Industrial, iniciada há pouco mais de 200 anos. A partir desse período, as inovações tecnológicas e científicas passaram a alimentar um ciclo perpétuo de progresso, contrastando com os episódios isolados do passado. Esse impulso resultou em um crescimento notavelmente estável e sustentado, segundo a comissão responsável pelo prêmio.

Os estudos de Aghion e Howitt desdobraram um modelo matemático que elucida como algumas companhias prosperam investindo em métodos de produção aprimorados e em bens de qualidade superior, enquanto outras sucumbem à pressão competitiva. “O crescimento deriva da destruição criativa. Esse processo é criativo porque se apoia na inovação, mas também é destrutivo porque os bens pré-existentes se tornam antiquados e perdem seu valor comercial”, explicam os integrantes do comitê. Em meros dois séculos, a destruição criativa transformou a sociedade, e os economistas laureados em 2025 desvendaram as razões desse progresso e os elementos cruciais para um crescimento duradouro.

O Papel Vital dos Novos Talentos e da Concorrência

Em todas as suas manifestações, a inovação nutre a concorrência e impulsiona o desenvolvimento de tecnologias disruptivas, área em que Aghion dedicou grande parte de sua pesquisa. O economista destacou à BBC News Mundo a importância da “entrada de novos talentos para o crescimento”. Embora reconheça que novos talentos representem um desafio aos atores e empresas existentes, atuando como concorrentes ou rivais, seu eventual sucesso pode substituí-los, tornando-se um catalisador essencial para o crescimento contínuo. É essa constante capacidade de renovação que, para Aghion, torna a destruição criativa “essencial” e algo que a sociedade “precisa mais”.

Neste processo de inovação, inevitavelmente surgem ganhadores e perdedores. À medida que os inovadores avançam, métodos de produção anteriores podem se tornar obsoletos, levando a perdas temporárias de postos de trabalho. Contudo, simultaneamente, novas indústrias e profissões emergem. A proliferação da internet, por exemplo, deu origem a setores inteiramente novos, como o e-commerce. Atualmente, a inteligência artificial (IA) atravessa uma fase de rápido desenvolvimento, prometendo criar novas indústrias e funções de trabalho que ainda não existiam.

A Questão da Bolha Financeira na Era da Inteligência Artificial

A expansão da inteligência artificial e a infraestrutura exigida para seu avanço constituem uma nova onda de inovação, parte integrante do processo de destruição criativa. Apesar das promissoras perspectivas de crescimento econômico que ela oferece, nos últimos anos, o temor de que os investimentos maciços nessas novas tecnologias possam estar gestando uma “bolha tecnológica” iminente se espalhou, ameaçando um potencial colapso nos mercados acionários e uma crise global.

Philippe Aghion: Nobel de Economia 2025 e Destruição Criativa - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

Diante da percepção de uma transformação tecnológica profunda, que alguns veem como capaz de arrastar os mercados a um “crash” comparável a 1929 ou à Grande Crise de 2008, Aghion adota uma perspectiva diferente. Ele recorda a “bolha tecnológica” de um quarto de século atrás, conhecida como a crise ponto-com – um período de rápido avanço seguido por um colapso do mercado de ações, afetando sobretudo as companhias baseadas na internet. Aghion argumenta que esse período se transformou em uma fase de intensa inovação. “A bolha tecnológica foi uma revolução importante”, afirma. Ele admite a existência de possíveis bolhas hoje, mas crê que elas não são “um grande problema se não estiverem baseadas em um excesso de endividamento”, como ocorreu no passado. Apesar dos riscos inerentes, Aghion não vislumbra “o risco de um grande colapso financeiro”, expressando mais receio pela “estagnação econômica do que de um grande desastre financeiro”. Para compreender melhor a teoria da destruição criativa e seus impactos históricos, pode-se consultar materiais aprofundados sobre o conceito de destruição criativa.

A Ameaça do Protecionismo e o Otimismo Futuro

Ao analisar o cenário atual, uma das maiores ameaças ao crescimento econômico impulsionado pela inovação, segundo Aghion, reside no protecionismo. Essa política inibe a concorrência e a inclusão de novos talentos. As medidas protecionistas, como as tarifas implementadas pelo governo dos Estados Unidos, servem como um alerta para a Europa. “Precisamos ser mais inovadores do que fomos em décadas passadas, porque estamos competindo com a China e os EUA”, enfatiza o economista.

Ele adverte que é “preciso aprender a jogar de maneira inteligente”, pois o panorama global se alterou drasticamente, e “a ameaça do protecionismo deve ser um estímulo para nos unirmos e sermos muito mais inovadores”. Sob essa ótica, Philippe Aghion manifestou otimismo à BBC Mundo em relação ao futuro, pois percebe que “cada vez mais países estão entendendo a importância do crescimento baseado na inovação”. Para que esse avanço seja sustentável a longo prazo, o economista enfatiza a necessidade de focar em inovações ambientais, algo considerado fundamental nos dias de hoje.

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Este reconhecimento a Philippe Aghion e seus co-autores solidifica a destruição criativa como pilar da evolução econômica, oferecendo insights valiosos sobre como a inovação contínua molda nosso futuro. Acompanhe a editoria de Economia para mais análises sobre os temas que impulsionam o desenvolvimento global.

Crédito da imagem, Getty Images


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