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O impacto do diagnóstico e tratamento do câncer vai muito além da cura da doença, estendendo-se a sequelas físicas e emocionais profundas. No Brasil, histórias como as de Lucas Soares da Silva e Emerson Aparecido da Silva demonstram como as próteses gratuitas para câncer, fornecidas pelo Instituto Mais Identidade, estão revolucionando a recuperação e reintegração social de pacientes que enfrentaram a enfermidade em regiões faciais. A iniciativa sem fins lucrativos oferece esperança e dignidade, utilizando avanços tecnológicos para proporcionar reabilitação a quem precisa.
A jornada de Lucas Soares da Silva, operador de máquinas de 28 anos de Mauá (SP), começou com uma bolinha vermelha no olho que culminou no diagnóstico de um tumor. Após diversas cirurgias para contenção do avanço da doença entre 2014 e 2020, o câncer retornou em 2021, exigindo um procedimento mais invasivo: a remoção do globo ocular esquerdo e uma limpeza extensiva da área circundante, o que também resultou na perda de parte da pálpebra. A perda da visão foi um choque inicial, mas o constrangimento estético surgiu posteriormente, levando-o a usar tampões para disfarçar a ausência do olho. A busca por uma prótese, contudo, esbarrava no alto custo, estimado em R$ 15 mil, inviabilizando a aquisição.
Próteses Gratuitas para Câncer Transformam Vidas Após Tratamento
Foi durante uma pesquisa online que Lucas encontrou o Instituto Mais Identidade, uma organização que oferece soluções protéticas gratuitas para indivíduos afetados por câncer na região do rosto e pescoço. O contato via Instagram resultou no recebimento de sua prótese em agosto do ano passado. De fácil aplicação, fixada com um adesivo específico, a nova peça permitiu a Lucas caminhar na rua sem o temor de olhares curiosos ou preconceituosos, restaurando sua autoestima e liberdade de convívio social. Este instituto é um pilar fundamental para a reinserção social de inúmeros indivíduos.
Emerson Aparecido da Silva, funcionário público de 52 anos, compartilha uma experiência semelhante de superação. Diagnosticado em janeiro de 2023 com câncer de pele, Emerson teve que se submeter a uma cirurgia no nariz para a retirada do tumor, que se manifestou como uma ferida. A intervenção cirúrgica resultou na perda de uma significativa porção da pele do nariz, abalando profundamente seu estado emocional. Emerson relata ter vivenciado um período de isolamento e aversão ao convívio social devido à alteração de sua fisionomia.
O cenário mudou para Emerson ao ser encaminhado para o Instituto Mais Identidade. Sua prótese facial, que se encaixava perfeitamente devido à preservação das estruturas ósseas do seu rosto, representou um ponto de virada. Com a possibilidade de usar uma prótese, Emerson resgatou a perspectiva de uma vida plena, retomando o convívio social, o trabalho e os laços familiares. Sua história ressalta a importância dessas soluções para a qualidade de vida pós-câncer.
Tecnologia 3D Revoluciona Próteses Faciais Gratuitas
As próteses oferecidas gratuitamente pelo Instituto Mais Identidade, em São Paulo, são fabricadas por meio de uma abordagem tecnológica inovadora que combina impressoras 3D e smartphones. Essa metodologia permite a produção de peças personalizadas, mais acessíveis e com um tempo de confecção significativamente reduzido, atendendo tanto a pacientes que superaram o câncer na cabeça e pescoço quanto a pessoas com outras deficiências nessas regiões. Diferentemente das próteses convencionais, que demandam processos complexos de moldagem, custos elevadíssimos e ajustes manuais, a técnica em 3D simplifica a jornada.
O diretor do Instituto, Luciano Dib, cirurgião bucomaxilofacial, destaca que a agilidade do processo digital encurta o tempo de espera de meses para apenas semanas, ou até mesmo dias. Ele menciona casos excepcionais em que a prótese foi entregue em apenas três dias, priorizando pacientes de outros estados para otimizar seu retorno para casa. Essa celeridade é crucial para a recuperação psicológica e social dos beneficiados.
O processo de desenvolvimento das próteses é detalhado e altamente tecnológico. Primeiramente, o rosto do paciente é capturado através de fotografias digitais que são posteriormente convertidas em modelos tridimensionais fidedignos. Utilizando softwares avançados, a área afetada é meticulosamente recriada, possibilitando o planejamento exato da prótese. A peça inicial é então produzida em resina por uma impressora 3D e testada no paciente para garantir a adequação perfeita. Uma vez aprovado o molde, a prótese final é confeccionada manualmente em silicone, recebendo características individuais, como tonalidade da pele e detalhes únicos, garantindo um resultado estético natural e harmonioso.
A fixação dessas próteses pode ocorrer de duas maneiras distintas, dependendo da condição do paciente. A alternativa mais simples envolve o uso de adesivos próprios que colam a prótese à pele. Contudo, em casos específicos, quando a estrutura óssea facial foi preservada, é possível optar pela fixação por magnetos, que exige um procedimento cirúrgico para a implantação de pinos de titânio. Segundo Luciano Dib, a escolha do método é individualizada e baseia-se na integridade da estrutura óssea da face após a remoção do tumor, já que, em muitas situações, essa estrutura pode estar comprometida, direcionando para a prótese autocolante.
Imagem: bbc.com
Os benefícios do método 3D são amplos, abrangendo não apenas a redução dos custos de produção — chegando a diminuir em 50% em comparação com as próteses tradicionais que podem custar até R$ 50 mil — mas também na significativa diminuição do tempo de preparo. Essa eficiência permite um retorno mais ágil dos pacientes às suas atividades sociais, impactando diretamente na qualidade de vida e na reconstrução da identidade.
Nicolas Cohen, psicólogo do instituto, enfatiza a dimensão emocional e psicológica das sequelas faciais decorrentes do câncer. O diagnóstico é, por si só, desafiador, e as intervenções, muitas vezes invasivas, podem gerar perdas funcionais e estéticas que abalam a autoimagem e a interação social. Pacientes frequentemente recorrem a máscaras e óculos escuros para camuflar as alterações, resultando em isolamento. Neste contexto, as **próteses faciais gratuitas para câncer** atuam como um catalisador para amenizar essa perda, promovendo a reintegração na sociedade e facilitando a lida com o espelho, aspectos cruciais para a saúde mental.
Acolhimento Multidisciplinar e Perspectivas Futuras
Nos últimos dois anos, o Instituto já atendeu mais de cem pacientes utilizando essa avançada metodologia 3D, conforme dados apresentados por Dib. Os beneficiados são encaminhados por hospitais especializados no tratamento do câncer ou procuram o instituto por iniciativa própria, como no caso de Lucas. A importância de uma fonte de dados confiável para entender a dimensão da saúde no Brasil pode ser verificada no site do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Todos os pacientes que buscam o serviço passam por uma triagem criteriosa e recebem acompanhamento de uma equipe multidisciplinar completa, composta por cirurgiões-dentistas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais. Luciano Dib sublinha que a cura do câncer não marca o fim do tratamento para aqueles que carregam sequelas faciais. O objetivo do Instituto é exatamente mudar essa realidade, reintegrando-os plenamente à sociedade. Atualmente, há uma fila de espera de 90 pessoas por próteses, impulsionando a busca do instituto por parcerias com empresas privadas para expandir sua capacidade de atendimento e reduzir essa demanda.
As estatísticas do INCA corroboram a relevância desses esforços: estima-se que em 2025, o Brasil registre 39.550 novos casos de câncer de cabeça e pescoço, incluindo tumores na cavidade oral, tireoide e laringe. Com a inclusão do câncer de pele melanoma na mesma região, o número sobe para 48.530 casos. Estes dados ressaltam a urgência e a necessidade de iniciativas como as do Instituto Mais Identidade, que oferecem não apenas um dispositivo protético, mas uma chance real de reconstrução da vida.
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Em suma, as próteses gratuitas oferecidas pelo Instituto Mais Identidade, através de sua tecnologia 3D e equipe dedicada, estão desempenhando um papel crucial na recuperação física e psicológica de pacientes pós-câncer, redefinindo o conceito de reabilitação. As histórias de Lucas e Emerson são um testemunho vivo do impacto transformador dessas iniciativas, que restauram não apenas a aparência, mas a dignidade e a capacidade de reinserção social. Para mais conteúdos sobre o impacto de projetos sociais e notícias de relevância em diversas cidades, continue acompanhando nossa editoria em Notícias de Cidades.
Crédito da imagem: Divulgação/ Instituto Mais Identidade
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