Reação Bolsonarista: Encontro de Lula com Trump Criticado

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Reação Bolsonarista: Encontro de Lula com Trump Criticado foi a tônica entre os parlamentares e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após a reunião entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump na Malásia. O encontro, que ocorreu neste domingo (26/10) à margem da cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) em Kuala Lumpur, gerou forte oposição por parte dos defensores do ex-chefe do Executivo brasileiro, que minimizaram qualquer progresso nas negociações com os Estados Unidos e apontaram o dedo para a postura do presidente brasileiro ao pautar a questão da Venezuela durante a conversa com o empresário norte-americano. As figuras políticas, que em julho deste ano celebraram abertamente as retaliações impostas pelos EUA ao Brasil, atribuem agora a responsabilidade pelas tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros integralmente ao governo petista, resumindo o evento diplomático como meramente “uma foto pra inglês ver”.

A cúpula da Asean proporcionou o cenário para a aproximação dos dois líderes. O tom geral da conversa foi de cordialidade, com Trump expressando-se “honrado” pelo encontro com o presidente do Brasil. No entanto, o otimismo das autoridades brasileiras acerca do diálogo bilateral contrastou com as observações céticas e até mesmo combativas emanadas da bancada bolsonarista e seus apoiadores. Enquanto o governo de Lula procurava sinalizar um reaquecimento das relações com os EUA, os críticos buscaram descreditar os resultados, enfatizando a continuidade das barreiras comerciais e a suposta falta de avanços concretos para o Brasil no cenário internacional.

Reação Bolsonarista: Encontro de Lula com Trump Criticado

A voz inicial no coro das críticas veio do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. Através de suas plataformas digitais, o parlamentar expressou que a representação governamental brasileira retornou da reunião com Trump “sem absolutamente nenhuma notícia boa para os brasileiros”. Sua declaração veio como um contraponto direto a uma postagem do também senador Humberto Costa (PT-PE), que havia utilizado o mesmo espaço para enaltecer a reunião em Kuala Lumpur como um triunfo do diálogo e um fortalecimento da soberania nacional do Brasil.

Adicionando-se às considerações de seu irmão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ampliou a narrativa ao destacar a “empatia” que, segundo ele, ligaria Donald Trump a Jair Bolsonaro. Em sua conta no X (antigo Twitter), Eduardo sugeriu que a linguagem corporal exibida pelo republicano durante a interação com o atual presidente brasileiro poderia indicar uma expectativa de mudança futura na postura de Lula. O deputado especulou que Trump, ao se colocar no lugar do ex-presidente brasileiro, “imaginaria que, quando sair da presidência, Lula e sua equipe apoiarão a lawfare que certamente Trump sofrerá”. Em outra ocasião, Eduardo Bolsonaro também censurou o fato de Lula ter introduzido a delicada questão das tensões entre Venezuela e Estados Unidos em uma conversa com quem ele descreveu como o “01 da economia mundial”.

Do lado do Planalto, o presidente Lula afirmou ter abordado o tema de Jair Bolsonaro com Donald Trump. Contudo, na visão do presidente, o ex-mandatário já “faz parte do passado da política brasileira”. Durante uma coletiva de imprensa na capital da Malásia, após a reunião bilateral, Lula comentou que Trump “sabe que rei morto, rei posto” e que o “Bolsonaro faz parte do passado da política brasileira”. Ele chegou a afirmar que, após três reuniões, Trump “vai perceber, sabe, que o Bolsonaro era nada, praticamente”, minimizando a importância política do ex-presidente no atual cenário.

Donald Trump também compartilhou suas impressões sobre o encontro. A jornalistas antes de deixar a Malásia, o líder americano classificou a reunião com Lula como “muito boa” e renovou elogios ao presidente brasileiro. Trump descreveu Lula como um indivíduo “muito vigoroso e impressionante”, e aproveitou a ocasião para parabenizá-lo por seu aniversário de 80 anos, celebrado na segunda-feira seguinte (27/10). “Tivemos uma reunião muito boa, vamos ver o que acontece. Não sei se alguma coisa vai acontecer, mas veremos. Eles gostariam de fazer um acordo. Vamos ver, agora mesmo eles estão pagando, acho que 50% de tarifa. E quero desejar feliz aniversário ao presidente, hoje é o aniversário dele. Ele é um cara muito vigoroso, na verdade, e foi muito impressionante”, detalhou Trump.

Em solo brasileiro, outros membros da família Bolsonaro e líderes aliados também repercutiram o evento com descrença. O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), igualmente filho do ex-presidente, insinuou que o governo atual estaria empreendendo uma tática de desinformação para com a população. Em uma postagem na plataforma X, Carlos ironizou: “Deve ser a terceira reunião e os caras que atacam diariamente Trump se fazem de idiotas para enganar outros idiotas. Para a organização ficar como está é positivo. O plano de dominação segue em pleno vapor!”.

Ainda na Câmara dos Deputados, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), manifestou-se atribuindo as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil diretamente à gestão Lula. Segundo Cavalcante, o cenário atual é um “alto preço da falta de humildade de um descondenado presidente [que] arrogantemente não quis negociar logo o tarifaço”. O deputado foi taxativo em sua conclusão, afirmando: “Hoje está provado que a culpa é do descondenado Lula”.

Reação Bolsonarista: Encontro de Lula com Trump Criticado - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

Corroborando a visão de um encontro improdutivo, Evair de Melo (PP-ES), que atuou como vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara entre 2020 e 2022, declarou que o evento em Kuala Lumpur resultou em “apenas uma foto pra inglês ver”. Melo criticou a política externa de Lula: “Enfim, Lula resolveu agir como presidente de uma grande nação. Depois de quase dois anos bajulando ditadores, atacando o agro e isolando o Brasil, finalmente sentou à mesa com Donald Trump. Mas o resultado? Nenhum. Nenhum acordo, nenhuma proposta, nada de concreto apenas uma foto pra inglês ver”. Em uma estocada adicional, o deputado federal relatou que “e pra completar o fiasco, na cara do Lula, Trump fez questão de elogiar Bolsonaro, chamando-o de ‘grande homem'”, utilizando o momento para reiterar que “Bolsonaro segue sendo referência mundial. O resto é barulho de militância”.

Para alguns dos colaboradores próximos a Jair Bolsonaro, a ocasião também serviu para reacender a defesa de uma suposta perseguição judicial contra o ex-presidente. Bolsonaro, em setembro, foi condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão por crimes relacionados a um golpe de Estado. Donald Trump, por sua vez, já havia criticado publicamente este julgamento, inclusive utilizando-o como um dos argumentos para a imposição das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Nesse contexto, o senador Jorge Seif Junior (PL-SC) interpretou a postura de Trump como uma defesa explícita de Bolsonaro, enxergando na declaração uma evidência que “expõe a crise institucional brasileira”.

Por fim, Maurício Marcon (PODE – RS), vice-líder da oposição na Câmara, classificou as declarações de Lula após o encontro com Trump como “petulantes”. O parlamentar questionou no X: “Que petulância, depois do Trump ouvir isso nunca mais tira a Magnitsky do Xandão!”, em uma referência às possíveis sanções aplicadas pelos EUA contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A Lei Magnitsky, um instrumento legal criado para punir estrangeiros considerados autores de graves violações de direitos humanos, tem sido citada no contexto de sanções contra oito magistrados da Corte, incluindo o ministro Alexandre de Moraes. Para mais informações sobre a aplicação e contexto de sanções internacionais, pode-se consultar a página oficial do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) sobre as relações comerciais bilaterais entre EUA e Brasil, que discute temas como tarifas e comércio.

As imagens divulgadas por Marcon em sua postagem eram de uma coletiva de imprensa concedida por Lula na Malásia, subsequente à sua reunião com Trump. Nessas declarações, o presidente brasileiro expressou a esperança de que ocorresse a “suspensão da taxação” e “da punição aos nossos ministros” como condição para o avanço das relações com os Estados Unidos, reiterando a complexidade e a diversidade de expectativas em torno da interação entre os líderes.

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Em suma, o encontro entre Lula e Trump, embora pautado pela cordialidade dos líderes, suscitou interpretações drasticamente opostas dentro do cenário político brasileiro. Enquanto o governo busca capitalizar o diálogo como um avanço diplomático, os aliados de Jair Bolsonaro insistem na inexistência de resultados concretos, criticam as abordagens de política externa e aproveitam o momento para fortalecer narrativas internas. A análise detalhada das reações evidencia as profundas clivagens políticas e as diferentes visões sobre a inserção do Brasil no palco internacional. Para continuar acompanhando as principais notícias sobre política nacional e internacional, acesse regularmente nossa editoria e fique por dentro dos desdobramentos dos principais temas do país.

Crédito, Getty Images


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