Sanções EUA: Gustavo Petro e família incluídos na ‘lista negra’

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Em um desenvolvimento significativo nas relações internacionais, o presidente colombiano, Gustavo Petro, juntamente com membros de sua família e um alto funcionário do governo, foi recentemente adicionado à chamada Gustavo Petro lista negra EUA. A medida, anunciada na sexta-feira, 24 de outubro, envolve o filho mais velho do presidente, Nicolás Petro, a primeira-dama Verónica Alcocer, e o ministro do Interior, Armando Benedetti, sendo todos supostamente vinculados a atividades de narcotráfico. Esta ação levanta sérias implicações para os indivíduos e para as relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a Colômbia.

A inclusão dessas personalidades na lista é administrada pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês), uma entidade do Departamento do Tesouro dos EUA. Este registro não é novidade no cenário político latino-americano; o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, por exemplo, já havia sido adicionado em 2017. A decisão americana sucede um período de intensas disputas e acusações trocadas entre o atual chefe de estado colombiano e o ex-presidente americano Donald Trump, que chegou a apontar Petro como o suposto “líder do narcotráfico” em território colombiano – alegação categoricamente refutada pelo líder sul-americano.

Sanções EUA: Gustavo Petro e família incluídos na ‘lista negra’

O anúncio da sanção coincidiu com uma fase intensificada da campanha militar dos EUA, denominada “guerra às drogas”, que compreende ofensivas em águas internacionais contra embarcações suspeitas de serem controladas por grupos criminosos. A OFAC oficializou a sanção por meio de sua plataforma de mídia social, afirmando: “O Tesouro está sancionando o presidente colombiano Gustavo Petro por seu papel no tráfico ilícito de drogas”. Subsequentemente, o governo americano detalhou as motivações, com o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, declarando que, “Desde que o presidente Gustavo Petro assumiu o poder, a produção de cocaína na Colômbia atingiu o nível mais alto em décadas, inundando os Estados Unidos e envenenando os americanos”. Bessent também complementou que o presidente Petro “permitiu que os cartéis de drogas prosperassem e se recusou a interromper essa atividade”, sugerindo uma permissividade ou inação diante do problema crescente.

Em resposta imediata à inclusão na lista da OFAC, o presidente Gustavo Petro utilizou sua conta na plataforma X para expressar seu descontentamento. Ele declarou que “A ameaça de Bernie Moreno foi cumprida. Minha esposa, meus filhos e eu fomos incluídos na lista do OFAC”, fazendo referência a um senador republicano de Ohio. Petro veementemente negou as acusações e defendeu seu histórico de luta contra o narcotráfico, ressaltando: “Combater o tráfico de drogas de forma eficaz por décadas me trouxe esta medida do governo [dos EUA], de uma sociedade que tanto ajudamos para interromper o uso de cocaína.”

Implicações da ‘Lista Clinton’ para Gustavo Petro

A ‘lista Clinton’, cujo nome oficial é ‘Nacionais Especialmente Designados’ (Specially Designated Nationals – SDN), é uma ferramenta do governo dos EUA para monitorar e aplicar sanções financeiras e comerciais contra indivíduos, grupos e entidades. Sua criação remonta à administração de Bill Clinton (1993-2001) e, embora originalmente focada em suspeitos de tráfico de drogas, expandiu-se significativamente. A sanção implica que qualquer propriedade ou interesse de Gustavo Petro e dos demais sancionados nos Estados Unidos deve ser obrigatoriamente reportado à OFAC. Além disso, qualquer entidade que seja possuída, direta ou indiretamente, em 50% ou mais por uma ou mais das pessoas bloqueadas, também passa a ser considerada bloqueada.

Os regulamentos da OFAC geralmente vetam todas as transações realizadas por cidadãos americanos ou dentro do território dos Estados Unidos que envolvam ativos ou interesses dos indivíduos sob sanção. As consequências da violação dessas medidas podem ser severas, resultando em penalidades civis ou criminais tanto para americanos quanto para estrangeiros. A justificativa para a sanção do filho de Petro, Nicolás, da primeira-dama Verónica Alcocer e do ministro Benedetti é que eles “terem fornecido, ou tentado fornecer, apoio financeiro, material, tecnológico ou bens e serviços em apoio a Gustavo Petro”. Isso sublinha a seriedade com que as autoridades americanas encaram a rede de apoio que consideram existir em torno das supostas atividades do presidente.

Alegações dos EUA: Aliança e recordes de cocaína na Colômbia

As autoridades americanas fundamentam suas acusações alegando que Gustavo Petro “se aliou ao regime narcoterrorista de Nicolás Maduro”, presidente da Venezuela. A Colômbia, sob Petro, tem mantido laços com o governo venezuelano, apesar das eleições presidenciais de 2024 terem resultados contestados pela oposição e por organismos internacionais. Bogotá justifica a manutenção das relações com base em necessidades de segurança e estabilidade fronteiriça. Adicionalmente, o Departamento do Tesouro argumentou que a cocaína colombiana é frequentemente adquirida por cartéis mexicanos, que a inserem ilegalmente nos EUA. Houve também uma crítica específica à “comparação leviana” de Petro entre o uso da cocaína e o do uísque.

De acordo com o governo americano, o plano de “paz total” de Petro teria concedido vantagens a “organizações narcoterroristas”, contribuindo para níveis inéditos de produção de cocaína no país. Em 15 de setembro, os EUA consideraram a Colômbia um país primordial no trânsito e na fabricação de drogas ilícitas, avaliando que estava “falhando manifestamente” em cumprir suas obrigações no controle do narcotráfico. Como resultado, pela primeira vez em três décadas, a Colômbia foi removida da lista de nações que efetivamente combatem o tráfico de drogas. Para saber mais sobre a política antinarcóticos dos Estados Unidos, um relatório detalhado pode ser consultado.

Sanções EUA: Gustavo Petro e família incluídos na ‘lista negra’ - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

A reação do presidente colombiano a essa “descredibilização” foi de veemente protesto. Petro afirmou: “Os Estados Unidos nos ‘descredenciam’ após dezenas de mortes de policiais, soldados e pessoas comuns que tentavam impedir que a cocaína chegasse até eles.” Em uma medida retaliatória, o ministro do Interior, Armando Benedetti, anunciou à mídia local que a Colômbia suspenderia a aquisição de armamentos dos EUA. Tais respostas destacam a gravidade da situação e o profundo desentendimento entre as nações sobre a abordagem à guerra contra as drogas e o papel da Colômbia nesse combate.

A administração americana, ao justificar as recentes ações em 24 de outubro, também citou um “comportamento errático” por parte de Petro, mencionando especificamente o compartilhamento de informações confidenciais relativas à lavagem de dinheiro em 2024. Segundo os EUA, este ato ameaçaria a integridade do sistema financeiro global. O comunicado do Departamento do Tesouro americano detalhou que Petro “também se aliou ao regime narcoterrorista de Nicolás Maduro Moros e ao Cartel do Los Soles”, apontado como um dos principais grupos criminosos da Venezuela. A intensidade da disputa e as severas acusações refletem uma escalada nas tensões bilaterais, agravadas por declarações anteriores de Trump que chamavam Petro de “lunático” e o acusavam de envolvimento direto com o narcotráfico, servindo de pano de fundo para as atuais sanções e embates políticos.

As relações entre os dois governos têm se deteriorado progressivamente nos últimos dias. Donald Trump havia anunciado previamente a suspensão de “subsídios e pagamentos” à Colômbia, e advertiu o governo de Petro que, caso não pusesse fim aos que ele chamou de “campos de extermínio” (referindo-se à produção de drogas), “os EUA os fechariam para ele”, e “não de uma forma gentil”. O presidente colombiano prontamente rebateu as críticas, afirmando que “Trump está enganado por seus seus assessores […] Recomendo que Trump leia a Colômbia com atenção e determine de que lado estão os narcotraficantes e de que lado estão os democratas.”

Em meio a essas duras trocas de farpas, o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia emitiu uma declaração considerando que a mensagem de Trump “contém uma ameaça direta à soberania nacional ao propor uma intervenção ilegal em território colombiano”. Este episódio soma-se a uma série de atritos, incluindo acusações de Petro a Washington por supostamente violar a soberania de Bogotá e pela morte de um pescador colombiano durante uma operação militar dos EUA contra traficantes no Caribe. A recente prisão de um colombiano e um equatoriano, sobreviventes de um ataque a um barco próximo à costa sul-americana na semana passada, intensificou ainda mais o embate entre as nações, marcado pela oposição ideológica entre Trump e Gustavo Petro.

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As sanções impostas pelos Estados Unidos ao presidente Gustavo Petro e sua família sinalizam um ponto crítico nas relações bilaterais, enraizadas em acusações de falha no combate ao narcotráfico e alianças polêmicas. As contínuas tensões ressaltam a complexidade da geopolítica sul-americana e a pressão dos EUA sobre países produtores de drogas. Para ficar por dentro de todas as nuances da política global e suas repercussões, continue acompanhando nossa editoria de Política.

Crédito: Getty Images


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