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Tecnologia Vestível: O ‘Inferno’ de Gadgets se Aproxima? A iminente sobrecarga de dispositivos inteligentes portáteis está transformando a experiência tecnológica em um “maximalismo vestível”, conforme a percepção de uma especialista. Em 10 de outubro de 2025, Victoria Song, repórter sênior e autora da newsletter Optimizer no The Verge, descreveu um cenário onde o uso constante e cumulativo de múltiplos gadgets a faz sentir “mais ciborgue do que humana” a cada dia.
Song, com mais de 13 anos de experiência na cobertura de wearables e tecnologia de saúde, acumulou vasto conhecimento ao longo de sua carreira, tendo trabalhado para publicações renomadas como Gizmodo e PC Magazine antes de integrar o time do The Verge. Sua newsletter Optimizer, enviada semanalmente às sextas-feiras às 10h ET (Eastern Time), analisa os mais recentes telefones, smartwatches, aplicativos e outros aparelhos que prometem revolucionar o cotidiano, muitas vezes, exigindo a experiência direta de sua autora.
As complexidades do cotidiano com a avalanche de dispositivos ficaram claras para Song desde o processo de desempacotamento de sua unidade de análise do Meta Ray-Ban Display. Para controlar os óculos inteligentes, é necessário utilizar uma banda neural separada no pulso dominante. Esse requisito, para a maioria dos usuários, não representa um impedimento. Contudo, para Song, que avalia incessantemente a tecnologia vestível, a situação era mais desafiadora. Ela frequentemente usa dois smartwatches, e naquele dia, seu pulso dominante já estava ocupado por um Google Pixel Watch 4. A potencial incompatibilidade entre a banda neural e o relógio inteligente configurava um dilema significativo.
Tecnologia Vestível: O ‘Inferno’ de Gadgets se Aproxima?
Felizmente, a banda neural e o Pixel Watch 4 coexistiram harmoniosamente. No entanto, o Oura Ring 4, que Song usava em seu dedo indicador direito, apresentou problemas, interferindo nos gestos de rolagem dos óculos. A solução foi trocar o anel para a outra mão, uma situação que exemplifica o cenário “caótico” ao qual se refere. No mesmo dia, lidando com uma caixa de entrada abarrotada, a jornalista percebeu um aumento sem precedentes em propostas de empresas de wearables, marcando 2025 como o ano com o maior número de lançamentos para teste em toda a sua carreira. A realidade era brutal: possuir apenas dois pulsos, dez dedos (dos quais apenas seis são adequados para anéis inteligentes), duas orelhas, um peito, pescoço e rosto, enquanto a indústria lançava um fluxo ininterrupto de gadgets projetados para uso 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano.
A Visão Alarmante de um Especialista em Tecnologia
Embora por anos Song tivesse considerado a situação de “excesso de dispositivos” um problema específico de sua profissão — pelo qual é remunerada —, nos últimos dois anos, ela sentiu uma crescente preocupação de que a Big Tech almeja que cada vez mais pessoas, talvez a população mundial inteira, adote esse mesmo estilo de vida. Esse receio começou a se manifestar no ano anterior, durante seus testes com o Samsung Galaxy Ring. Conforme detalhou em sua análise, o Galaxy Ring não foi concebido como um dispositivo autônomo, mas sim como um acessório para o Galaxy Watch, projetado para consolidar os usuários no ecossistema da Samsung. À medida que anéis inteligentes ganhavam popularidade, inúmeros amigos, familiares e leitores a questionavam sobre o Oura Ring, buscando uma alternativa mais confortável e com maior duração de bateria que um smartwatch, mas relutantes em abrir mão de notificações rápidas ou alarmes vibratórios. Muitos se surpreendiam quando Song afirmava que, para a maioria, o Oura Ring funciona melhor em conjunto com um smartwatch, e não como um substituto.
A Explosão da IA em Dispositivos Vestíveis
A ascensão recente do hardware com inteligência artificial exacerbou a situação. O malfadado AI Pin da Humane, por exemplo, um dispositivo usado na lapela, não conseguia substituir um telefone ou smartwatch. Ao testar o Bee, um wearable de IA com escuta contínua, Victoria Song precisou decidir se ocuparia um espaço limitado em seu pulso ou seria preso ao seu pescoço. Houve certo alívio com o Friend, que, apesar de suas falhas, podia ser usado no pescoço – uma parte do corpo relativamente pouco explorada pela tecnologia vestível até então. Para Song, torna-se evidente que, na busca por sucessores dos smartphones, as empresas de tecnologia optaram por uma rota onde os dispositivos devem habitar — e, eventualmente, serem integrados — em nossos corpos, referindo-se a interfaces cérebro-computador e monitores contínuos de glicose.
Gigantes da Tecnologia Impulsionam o Maximalismo Vestível
Longe de ser uma paranoia pessoal, essa tendência é endossada pela própria linguagem dos executivos da Big Tech. Em conversa anterior naquele ano, Sandeep Waraich, líder de produtos para wearables Pixel do Google, e Rishi Chandra, vice-presidente de Fitbit e Saúde do Google, afirmaram categoricamente que a Google visualiza um futuro com um conjunto diversificado de acessórios dotados de IA. O apelo dos smartwatches e fones de ouvido, explicaram, reside em serem produtos já utilizados pelos consumidores. Da mesma forma, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, declarou que, com 1 a 2 bilhões de pessoas usando óculos diariamente para correção visual, é plausível que, em cinco a sete anos, a vasta maioria desses óculos se torne “óculos de IA”. Enquanto isso, a Apple estaria se direcionando para óculos inteligentes, alinhando-se à sua conhecida estratégia de ecossistema de produtos: quanto mais dispositivos se adquire, melhor a experiência.
Somando a iniciativa da Samsung com o Galaxy Ring, além das especulações sobre os projetos de Sam Altman da OpenAI e Jony Ive, há provas convincentes de que os principais atores da Big Tech estão trabalhando para nos sobrecarregar com o máximo de gadgets possível. Seria ideal que tudo fosse otimizado em um único wearable, mas a complexidade reside na singularidade de cada corpo: óculos inteligentes não são ideais para monitoramento de sono, anéis inteligentes são desaconselháveis para levantamento de peso e smartwatches podem ser desconfortáveis para alguns usuários. A crítica de Song é que, apesar das promessas de “liberdade de escolha” de acessórios, essas empresas sutilmente induzirão o consumidor a sentir que está perdendo algo se não adquirir todos os produtos. Não apenas as gigantes da tecnologia, mas figuras públicas, como o secretário de Saúde RFK Jr., em seus comentários sobre monitores contínuos de glicose e rastreadores de atividade física, expressou o desejo de ter um wearable em cada americano dentro de quatro anos. Essa convergência de aspirações e a constante pressão de produtos levam à inevitável pergunta: este é o futuro que desejamos?
Impactos no Cotidiano e o Alerta de um Futuro Cansativo
A situação que para Song é um “problema pessoal” atualmente, ameaça se tornar um “problema de todos” caso a Big Tech prossiga neste caminho. Essa “crise existencial” ganhou ainda mais peso após ela auxiliar na linha direta do Vergecast, onde um ouvinte perguntou se deveria adotar uma vida com dois smartwatches, pois seu Apple Watch não era suficiente para sua rotina de treinamento de força e corrida, ponderando adicionar um Garmin para otimizar seu desempenho. A resposta de Song permaneceu visceral: “Absolutamente não”. Sua tolerância para essa “paisagem infernal multi-dispositivo” é alta, mas ainda assim, “é um inferno”. Ela vive com a marca de “bronzeado de dois relógios permanente”, recebendo comandos de colares com IA, e sessões de 30 minutos de revisão de dados todas as manhãs e após cada treino. Seus olhos sofrem com a constante necessidade de observar telas de óculos inteligentes, que raramente estão em posições ideais. O uso de monitores contínuos de glicose a leva a escrutinizar o impacto de cada alimento, e notificações de diversos dispositivos vibram em seu corpo para alertar, por exemplo, a passagem de um vizinho pela campainha inteligente. Como Song já escreveu em um Optimizer recente, ela precisa reservar dias de desintoxicação para garantir que ela use essas ferramentas, e não o contrário. Se o propósito de tudo isso é melhorar a vida, é imperativo que a Big Tech reflita profundamente se os problemas que estão tentando resolver eram de fato problemas reais. Como “maximalista vestível”, Victoria Song sente-se exausta, com poucas partes do corpo restantes para novos testes, e mais ciborgue do que humana a cada dia. Caso avancemos cegamente para um futuro onde todos se sintam assim, corremos o risco de perder a essência do porquê amamos a tecnologia em primeiro lugar.
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A discussão sobre a tecnologia vestível e sua crescente complexidade convida à reflexão sobre o equilíbrio entre inovação e qualidade de vida. O futuro digital que estamos construindo nos tornará mais eficientes ou simplesmente mais sobrecarregados? Continue acompanhando nossas análises para entender as tendências que moldam nosso cotidiano e as implicações da constante evolução tecnológica em nossa editoria de análises.
Crédito da imagem: Victoria Song / The Verge
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