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Lançado em 2021, o álbum “I’ve Seen All I Need to See” de The Body rapidamente se consolidou como uma das obras mais visceralmente opressoras da música contemporânea. A produção da banda estadunidense tem sido descrita como uma experiência sonora intensa e quase física, que evoca a sensação de estar completamente isolado ou mesmo “enterrado vivo”. O disco se destaca por sua abordagem sonora implacável, afastando-se de melodias convencionais para mergulhar em um universo de ruído, distorção e brutalidade. De fato, a obra não busca ser agradável, mas sim desafiar o ouvinte com sua intensidade e crueza inabalável.
A percepção da banda The Body em “I’ve Seen All I Need to See” é que o trabalho não apenas acompanha, mas amplifica as angústias do ouvinte. Em uma análise do projeto, Terrence O’Brien da Verge, que possui mais de 18 anos de experiência na área editorial, compara a experiência com outros discos de notável intensidade, como “You Won’t Get What You Want” de Daughters e “To Be Kind” de Swans, porém, com um diferencial. O álbum do The Body transcende o mero “assombro atmosférico” ou “ameaça pop”, substituindo-os por uma selvageria ininterrupta. Não se trata de uma trilha sonora para um filme de terror convencional, mas sim a manifestação sônica da cena mais violenta e desesperadora de um pesadelo, traduzida em batidas percussivas saturadas e guitarras dissonantes.
The Body I’ve Seen All I Need to See: Análise da Obra Opressiva
A experiência auditiva do álbum se inicia com a leitura do poema “The Kaleidoscope”, de Douglas Dunn, uma obra que reflete sobre a ideia de estar preso em um ciclo interminável de luto. Esta introdução é pontuada por tambores que ressoam de forma arritímica, acompanhados por irrupções de ruído e um zumbido metálico grave e contínuo. À medida que a peça progride, transiciona para os gritos distantes de Chip King, vocalista e guitarrista do grupo. A faixa “A Lament” surge de maneira intermitente, lutando para ganhar forma e expressão, o que já sinaliza o tom intransigente de todo o disco. Este começo estabelece a premissa de que a boa arte não se limita a ser meramente agradável, e que, em alguns casos, ela precisa confrontar para provocar.
“I’ve Seen All I Need to See” se manifesta não como uma coleção de canções distintas, mas sim como um monólito sonoro construído em homenagem ao poder da distorção. Esta é uma obra que reconhecidamente não atenderá a todos os paladares. O trabalho é majoritariamente atonal, com muitas de suas faixas se mesclando umas nas outras, criando uma sonoridade fluida, mas muitas vezes impenetrável. Mesmo quando o ritmo dos tambores se acelera, indo além de um mero “canto fúnebre”, a música permanece carregada e densa, sugerindo uma sensação de aprisionamento ou uma luta contínua da banda para se libertar de um pântano sonoro.
Contudo, em meio a essa parede sonora, surgem momentos de intensa catarse. A faixa “The City is Shelled”, em particular, culmina em sua parte final com uma explosão visceral. Nela, os vocais de Chip King se transformam em um grito rouco que evoca uma sensação quase “Goblinesca”, sobre acordes de piano pesados e martelados. Este é um dos raros momentos de melodia perceptível no álbum, embora ainda esteja submersa sob camadas de ruído e fuzz. Tais instantes revelam que, mesmo dentro da opressão, há uma busca por expressão e uma descarga emocional que o público pode encontrar profundamente impactante, se dispor a ouvi-la.
Embora com uma duração de apenas 38 minutos, “I’ve Seen All I Need to See” pode ser percebido como um exercício de resistência auditiva. A sensação é similar à de completar uma maratona musical. No entanto, assim como em um esforço físico intenso, a duração não diminui o valor da jornada. Há uma beleza inerente à brutalidade expressa no álbum. Ele se mostra assombroso e violento, reminiscentemente à forma como a banda Swans consegue impactar seus ouvintes com músicas como “Bring Her Back”. Fica evidente que, por vezes, a arte mais poderosa é aquela que nos confronta, não aquela que nos conforta, propondo uma reflexão sobre a capacidade humana de processar o que é genuinamente desconfortável.

Imagem: Terrence O via theverge.com
Para aqueles que buscam uma experiência que evoca uma genuína atmosfera de filme de terror, sem cair no clichê ou no mero “espectral”, o trabalho do The Body é altamente recomendado. “I’ve Seen All I Need to See” é uma obra que aspira a ser verdadeiramente perigosa e assustadora, e não apenas superficialmente inquietante. O álbum está amplamente disponível em diversas plataformas digitais, incluindo Bandcamp e serviços de streaming como Apple Music, Tidal, Deezer, YouTube Music e Spotify, facilitando o acesso para quem desejar enfrentar essa jornada sonora única. A música experimental muitas vezes desafia as expectativas, e The Body exemplifica essa premissa de maneira contundente.
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Em suma, “I’ve Seen All I Need to See” é um manifesto de sonoridade extrema de The Body, convidando o ouvinte a uma introspecção brutal através de suas texturas densas e implacáveis. Para aprofundar-se em mais análises e novidades do mundo da música, explore outras publicações em nossa seção de Entretenimento no Hora de Começar.
Crédito da imagem: The Verge
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