Vitória de Milei na Argentina: Chaves do Triunfo Legislativo

noticias
Artigos Relacionados

📚 Continue Lendo

Mais artigos do nosso blog

TÍTULO: Vitória de Milei na Argentina: Chaves do Triunfo Legislativo
SLUG: vitoria-milei-eleicoes-legislativas-argentina
META DESCRIÇÃO: A surpreendente vitória de Milei nas eleições legislativas da Argentina é destaque. Entenda como o governismo triunfou em meio a crises e escândalos.

A recente vitória de Javier Milei nas eleições legislativas da Argentina surpreendeu muitos observadores políticos ao garantir um triunfo nítido para o partido governista no pleito realizado em 26 de outubro de 2025. Este resultado inesperado contrariava diversas análises da ciência política, considerando o cenário de intensos desafios econômicos e controvérsias enfrentadas pela gestão de Milei.

De acordo com os resultados oficiais, que abrangeram a apuração de praticamente todas as seções eleitorais, os candidatos do partido no poder conquistaram expressivos quase 41% dos votos. As eleições tinham como objetivo renovar metade das cadeiras da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, posicionando o La Libertad Avanza (LLA), o movimento ultraliberal do presidente Milei, como a força política mais votada em todo o território nacional.

Vitória de Milei na Argentina: Chaves do Triunfo Legislativo

Com essa significativa ampliação de sua bancada legislativa a partir de dezembro – período que marca o início da segunda metade de seu mandato presidencial –, o governo, embora ainda sem maioria absoluta, ganhará mais poder de negociação para defender sua pauta no Congresso. O próprio presidente Milei já sinalizou a intenção de buscar coalizões com outros partidos para avançar com seu programa de reformas.

A Resiliência Governista em Meio a Crises

A consolidação política do governismo causa perplexidade, uma vez que o cenário pré-eleitoral era marcado por uma série de dificuldades. A administração implementou um drástico ajuste fiscal, política que poderia facilmente ter erodido o suporte popular. Adicionalmente, enfrentou a necessidade de apoio externo, como o concedido pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, para sustentar a estabilidade do peso argentino. Diversos escândalos também minaram a campanha, incluindo um questionável lançamento de criptomoeda associado a Milei, que motivou ações judiciais, e a renúncia de um candidato chave a deputado na Província de Buenos Aires, implicado com um empresário sob acusação de tráfico de drogas nos EUA.

Mesmo com essas adversidades, o partido de governo celebrou vitórias importantes, inclusive na populosa Província de Buenos Aires. Este reduto peronista havia visto a oposição vencer por uma margem de 13 pontos nas eleições locais de setembro. A grande interrogação que pairava, e ainda paira, é como Javier Milei conseguiu reverter tais expectativas e consolidar essa inesperada ascensão eleitoral.

A Gênese do Apoio a Milei: Contexto e Expectativas

A trajetória de Milei ao poder em 2023 já era uma surpresa: de economista relativamente desconhecido, seu partido recém-formado e propostas de cortes radicais nos gastos públicos, muitos consideravam sua ascensão improvável. Contudo, a Argentina vivenciava a terceira grande crise econômica desde a restauração da democracia em 1983, com aproximadamente duas em cada cinco pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. Foi neste contexto que uma parcela significativa do eleitorado, especialmente os mais jovens, viu na retórica anti-establishment de Milei e em sua promessa de tempos mais prósperos um motivo para votar.

Uma vez na presidência, Milei implementou um rigoroso plano de austeridade que, em certa medida, começou a mostrar resultados. A inflação mensal, que era de 25% quando ele assumiu o cargo em dezembro de 2023, recuou para cerca de 2%. A taxa de pobreza, por sua vez, registrou uma diminuição de 10 pontos percentuais no primeiro semestre de 2024, ano em que a Argentina alcançou seu primeiro superávit orçamentário em mais de uma década. Em contraste, essas medidas resultaram na redução da renda real média de setores da sociedade, como funcionários públicos e aposentados, além de uma estagnação da atividade econômica. Não obstante, analistas sugerem que o eleitorado, em sua maioria, concedeu um aval ao programa do governo nas urnas.

Conforme apontou Orlando D’Adamo, psicólogo especialista em comportamento político, em declaração à BBC News Mundo, os argentinos optaram por “manter o crédito aberto para mudar a abordagem da economia”. Para D’Adamo, a oposição cometeu equívocos estratégicos ao apresentar candidaturas formadas em grande parte por figuras políticas já conhecidas. Esse cenário permitiu ao partido de Milei, mesmo já estando no poder, reposicionar-se como uma força “antissistema”, mesmo com candidatos com pouca projeção.

Dinâmica Eleitoral e a Oposição sem Propostas

A oposição também falhou em apresentar propostas claras e convincentes durante a campanha, talvez confiante de que o desgaste governista seria suficiente para garantir a vitória. A cientista política argentina Lara Goyburu, diretora da consultoria Management&Fit, sugere que muitos subestimaram uma parcela relevante da população que, confrontada com a previsibilidade do passado, preferiu a incerteza do futuro.

“A ideia de ‘não sei o que vem a seguir e estou passando por um momento difícil hoje, mas sei que não quero voltar ao passado’ consolidou-se com bastante força”, explicou Goyburu à BBC. Ela ressaltou a mudança sociológica no cadastro eleitoral argentino, onde metade dos eleitores tem menos de 39 anos. Este grupo tende a avaliar o governo de forma mais positiva, tendo crescido em um ambiente de constante insatisfação com a política nacional. Além disso, a eleição registrou a maior abstenção em mais de uma década para eleições legislativas, com cerca de 32% dos eleitores não comparecendo às urnas, apesar do voto ser obrigatório.

Vitória de Milei na Argentina: Chaves do Triunfo Legislativo - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

Em seu discurso de vitória, Milei destacou que seu partido contará com 101 deputados, um aumento significativo em relação aos 37 atuais, e 20 senadores, subindo de seis. Essa expansão de poder legislativo confere-lhe maior capacidade para sustentar vetos presidenciais sobre projetos de lei aprovados que ele julgue contrários aos seus interesses. A governista La Libertad Avanza obteve êxito em províncias chave como Santa Fé, Córdoba e Mendoza, e também na capital Buenos Aires, onde estabeleceu uma aliança com o Partido Pro (Pro) do ex-presidente Mauricio Macri.

Nacionalmente, a segunda força mais votada foi o peronismo, que angariou cerca de 32% dos votos sob a sigla Fuerza Patria. Em terceiro lugar, com 7,13% dos sufrágios, posicionou-se a aliança Províncias Unidas, um bloco que congrega seis governadores e que tem como meta romper a polarização política tradicional entre o governismo e o peronismo. Milei expressou satisfação ao ver que, em diversas províncias, o segundo partido mais votado consistia em “atores racionais” com quem ele poderia buscar acordos, evitando negociações com a ala kirchnerista liderada pela ex-presidente Cristina Kirchner, recentemente condenada por corrupção. Analistas indicam que, para tal, Milei precisará modular a retórica contundente utilizada ao longo de seu mandato, marcada por insultos a oponentes e pouca abertura ao diálogo político.

O Impacto do Apoio Internacional e Perspectivas

O governador de Buenos Aires e figura proeminente da oposição peronista, Axel Kicillof, declarou que o presidente e seu governo “estão errados ao comemorar este resultado eleitoral, onde seis em cada dez argentinos disseram discordar do modelo que ele propõe”. Kicillof fez menção direta à ajuda recebida de Donald Trump, argumentando que “nem o governo dos EUA nem o JP Morgan são instituições de caridade: se vieram à Argentina, foi com o único objetivo de lucrar e colocar nossos recursos em risco”.

Em sua própria mensagem, Milei enfatizou que o apoio dos Estados Unidos a seu governo foi de uma magnitude sem precedentes. A assistência direta de Washington incluiu a abertura de uma linha de swap cambial de 20 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 107,5 bilhões) entre os dois países, além da aquisição direta de cerca de 1 bilhão de dólares (equivalente a R$ 5,3 bilhões) em pesos argentinos do Tesouro. Apesar da persistência da instabilidade cambial até o período pré-eleitoral, essas ações dos EUA foram decisivas para evitar uma crise econômica mais severa, caracterizada por uma desvalorização descontrolada do peso. Adicionalmente, o suporte de Trump foi condicionado a uma vitória do governismo nas eleições.

D’Adamo e Goyburu minimizam a ideia de que o apoio de Trump tenha sido um fator “decisivo para angariar votos” diretamente a favor ou contra o governo, sob a ótica de um possível intervencionismo estrangeiro. No entanto, Goyburu destaca a importância dessa ajuda por ter contribuído para “manter o dólar dentro da faixa de flutuação” estabelecida pela Argentina, oferecendo uma crucial “segurança econômica” ao país. Este fator, ainda que simbólico, desempenhou um papel vital na estabilidade do cenário econômico argentino antes do pleito legislativo. Para uma análise mais aprofundada sobre as questões econômicas e políticas que afetam a região, você pode consultar o site da Reuters.

Confira também: crédito imobiliário

Em suma, a recente vitória de Milei nas eleições legislativas de 2025 reforça sua base de poder em um cenário de profundas transformações e desafios para a Argentina. Os resultados evidenciam a complexidade do voto em tempos de crise, com o eleitorado optando por manter o curso das reformas propostas, apesar dos custos sociais imediatos. Para continuar acompanhando as principais notícias e análises sobre o cenário político e econômico global, não deixe de explorar as demais seções de nossa editoria.

Crédito: Getty Images


Links Externos

🔗 Links Úteis

Recursos externos recomendados