Hamas Devolve Corpo Errado; Temor Sobre Cessar-Fogo em Gaza

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O cessar-fogo entre Israel e Hamas enfrenta momentos de tensão após a Força de Defesa de Israel (FDI) anunciar, nesta quarta-feira (15/10), que um dos corpos recebidos do Hamas na noite da terça-feira (14/10) “não pertence a nenhum dos reféns identificados”. A conclusão veio à tona após a realização de exames detalhados no Instituto Nacional de Medicina Forense do país, gerando novos questionamentos sobre o andamento do acordo de paz.

De acordo com o comunicado militar, o grupo militante Hamas tem a obrigação explícita de envidar todos os esforços necessários para restituir os reféns falecidos, em conformidade com as cláusulas do cessar-fogo em vigor. Esta fase do acordo contempla a libertação dos 20 reféns israelenses ainda vivos e o repasse gradual dos corpos daqueles que perderam a vida em Gaza.

Hamas Devolve Corpo Errado; Temor Sobre Cessar-Fogo em Gaza

Antes que o período de trégua fosse estabelecido, as estimativas indicavam a presença de 48 cidadãos israelenses mantidos como reféns na Faixa de Gaza, sendo que 28 deles já se supunha estarem mortos. A questão dos corpos se tornou um ponto nevrálgico nas negociações.

A cronologia recente da devolução de corpos indica que, na última segunda-feira, quatro restos mortais foram repatriados. Em sequência, na noite seguinte (terça-feira), o Hamas entregou mais quatro corpos, contudo, o governo israelense foi capaz de identificar apenas três como sendo de seus cidadãos.

Os corpos que foram corretamente identificados eram de: Uriel Baruch, de 35 anos, sequestrado durante o festival de música Nova e, segundo as autoridades militares de Israel, morto em 7 de outubro de 2023, data da invasão do Hamas, com seu corpo sendo levado a Gaza como refém; Tamir Nimrodi, de 20 anos, oficial na Passagem de Erez, na fronteira Israel-Gaza, também em 7 de outubro de 2023, cujo paradeiro era desconhecido até a restituição de seu corpo; e Eitan Levi, de 53 anos, um taxista da cidade de Bat Yam, assassinado por homens armados do Hamas em uma via próxima ao perímetro de Gaza na mesma data de 7 de outubro de 2023.

Com estas últimas entregas e identificações, as autoridades israelenses calculam que um total de 21 corpos ainda permaneçam em posse ou em território controlado pelo Hamas em Gaza. A lentidão e a inconsistência nas entregas contribuem para o ambiente de desconfiança e incerteza em relação à manutenção da trégua.

Ameaça ao Acordo de Cessar-Fogo e Contexto Diplomático

O cronograma original para a primeira fase do plano de paz, apresentado pelo então presidente dos EUA, Donald Trump, estipulava que o Hamas deveria restituir todos os reféns – vivos e falecidos – até o meio-dia da segunda-feira passada. Entretanto, cópias do acordo de cessar-fogo, divulgadas por veículos de imprensa israelenses na semana anterior, já indicavam que as dificuldades logísticas de localizar todos os corpos pelas facções palestinas eram reconhecidas.

Em virtude disso, o acordo previu a criação de um mecanismo de intercâmbio de informações, permitindo que o grupo palestino transmitisse aos mediadores qualquer dado sobre o paradeiro de corpos que não conseguisse localizar prontamente. O Hamas, por sua vez, tem alegado que alguns dos corpos dos reféns estão soterrados sob escombros na Faixa de Gaza e solicitou o envio de maquinário pesado para auxiliar nas operações de recuperação.

A lentidão no processo de restituição de corpos tem gerado forte indignação em Israel, que acredita que o Hamas possui mais corpos do que os efetivamente entregues. Em retaliação aos atrasos, o governo israelense emitiu um alerta nesta terça-feira, ameaçando interromper a abertura da passagem de Rafah para o Egito, um ponto crucial para a entrada de ajuda humanitária em Gaza, além de restringir o fluxo de suprimentos. A interrupção na ajuda humanitária teria implicações graves, tema frequentemente abordado por organizações internacionais como o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, que monitoriza de perto a situação na região.

A tensão é palpable, e existe o temor de que Israel possa adotar medidas ainda mais drásticas, o que colocaria em risco a estabilidade do já frágil cessar-fogo. No entanto, os mediadores envolvidos, incluindo Donald Trump, o Catar e o Egito, juntamente com a maior parte da comunidade regional, manifestam a determinação em preservar o acordo.

Incidentes como o atual não são inéditos. Em fevereiro deste ano, o Hamas entregou o que afirmava serem os restos mortais da refém israelense Shiri Bibas e seus dois filhos, Ariel e Kfir. Contudo, os testes forenses subsequentes revelaram que o corpo não correspondia ao de Shiri, provocando grande clamor em Israel. Na ocasião, o Hamas, posteriormente, devolveu o corpo correto.

Crescente Inquietação em Gaza

A população em Gaza vive sob crescente apreensão de que os atrasos do Hamas na localização e transferência dos corpos dos reféns israelenses possam precipitar uma reação de Israel, minando o acordo de trégua. A ameaça israelense de terça-feira, sobre a redução do número de caminhões de ajuda e o adiamento da reabertura da passagem de Rafah, teve um impacto imediato e perceptível. Residentes locais relataram à BBC que essa medida fez com que os preços de produtos essenciais nos mercados locais disparassem, uma vez que muitos comerciantes e fornecedores começaram a estocar mercadorias, buscando criar escassez e maximizar lucros, por medo da retomada do conflito.

Nas ruas de Gaza, um clima de pessimismo permeia a sociedade. Muitos habitantes expressam o temor de que os recentes acontecimentos sinalizem o fim da pausa humanitária. “Toda vez que começamos a nos sentir seguros, novas ameaças surgem, e tememos que a guerra recomece tudo de novo”, desabafou Neven Al-Mughrabi, mãe de seis filhos e moradora deslocada de Gaza que agora reside em Khan Younis.

Neven, que perdeu sua residência na Cidade de Gaza, decidiu permanecer em Khan Younis com sua família por não confiar na durabilidade do cessar-fogo, expressando o cansaço do deslocamento constante. Ela ainda descreve a atmosfera no principal mercado de Khan Younis, onde um comerciante confirmou o aumento da procura por farinha, óleo e açúcar em poucas horas. “Apesar da alta repentina dos preços em cerca de 30%, as pessoas estão comprando como se não confiassem que a calma vai durar muito; todos têm medo de que a ajuda pare”, completou Neven.

A intensificação da inquietação popular coincide com as reuniões de mediadores no Egito, que buscam desesperadamente superar as divergências entre Hamas e Israel e garantir que a primeira fase do acordo de cessar-fogo seja mantida nos trilhos, afastando o risco de uma escalada de violência.

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Este cenário complexo reflete a fragilidade do cessar-fogo na Faixa de Gaza e a urgente necessidade de soluções diplomáticas duradouras. Para mais atualizações e análises aprofundadas sobre o conflito, continue acompanhando nossa editoria de Política e entenda os desdobramentos desta crise.

Crédito, Amir Levy/Getty Images


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